Leitura Partilhada
domingo, maio 31, 2009
  Conjunto patrimonial e aldeia literária (associada a Vergílio Ferreira) de Melo (Gouveia)

“Eu tenho pela minha aldeia uma afeição que é mais do que isso, porque é essa forma profunda com que se moldou a minha sensibilidade. Na pessoa que sou, o ambiente em que me criei deixou uma marca que com essa pessoa se confunde. Não sei, pois, como ser possível separa-las. Nada, pois, mais encantador do que expressar a ligação do meu destino à aldeia em que nasci e me criei”
(Carta de Vergílio Ferreira ao Presidente da Câmara Municipal de Gouveia - 19-4-1986)
Melo é uma aldeia que com património construído assinalável, com 4 imóveis classificados: Capela de Santa Marta, a Casa da Câmara e o Paço, como Imóveis de Interesse Público e o Pelourinho como Monumento Nacional. Falta ainda classificar a capela da Misericórdia e as três casas onde viveu o escritor Vergílio Ferreira - e é muito por ele que classifico Melo como notável. Melo é a terra natal e de vivência do autor, e é um espaço único na nossa literatura, porque em quase todos os seus romances, Melo está presente, principalmente a sua casa amarela, porque é aqui que os seus protagonistas autodiegéticos, em solidão, no dealbar da sua vida fazem profundos balanços da sua vida e procuram o seu Eu metafísico.


A casa de nascimento, o Pelourinho e a Casa da Câmara.
Vergílio Ferreira nasceu numa casa que ainda existe, embora desfigurada, num beco, próxima do Pelourinho e da Casa da Câmara.
A casa podemos encontra-la nas últimas páginas do Para Sempre, quando Paulo diz “Depois desço para o outro lado da aldeia, a minha casa era aí. A empena mais alta reveste-se de lousas como escamas…a pedra da varanda sobressai do quarto…”
Quando os pais partem para a América, Vergílio vai morar com as tias e a avó materna para a casa no Cabo; próximos viviam os Borralhos eternizados em Vagão J e Manhã Submersa.
O menino Vergílio de certeza que brincou em redor do esbelto pelourinho manuelino datado do século XVI coroado com esfera armilar. Em frente encontra-se a antiga Casa da Câmara, presumivelmente erigida no século XVII. Destaco nela uma pedra de armas com o brasão de Melo, constituído pelas armas de Portugal, cingido por dois ramos em assentam dois melros. A da Câmara foi adquirida pelo edil de Gouveia para ser o centro de interpretação do autor. Ao fundo da rua da Praça pode ainda ver a Capela de Santa Marta construída no século XVII e de estilo maneirista.
Deixemos agora o harmonioso largo, façamos um pequeno desvio numa quelha para dar uma espreitadela na casa onde nasceu o autor; já na rua principal-Aquiles Gonçalves, paramos para observar uma casa brasonada, que foi por um rol de anos a escola primária e onde Vergílio aprendeu as primeiras letras.
A Igreja da Misericórdia
“Atravessamos a aldeia pela noite de estrelas, as ruas revolvidas de neve, tia Luísa leva-me o violino ao peito, suspende a lanterna a decifração dos pés. Quando chegámos a Misericórdia, ensaiávamos numa galeria ao lado que dá para a nave da igreja, tia Luísa entregou-me ao Padre Parente. Éramos quantas figuras? Aí umas quinze ou vinte, representavam as artes e ofícios, alguns dos tunos vinham pela noite de quintas longínquas à procura do mistério com as suas violas e bandolins”. In Para Sempre
O templo da misericórdia é pequeno mas muito harmonioso, com a galeria onde Vergílio aprendeu a tocar violino, os seus quadros quinhentistas, provavelmente de um discípulo de Grão Vasco, nas paredes laterais e o Menino Jesus Capitão.
“…porquê este menino vestido de militar? Tem um chapéu bicórnio, influência napoleónica? Uma casaca e calção”. E eu respondo, veste deste modo para agradar aos invasores napoleónicos e deste modo aplacar a sua fúria destruidora.
O Paço de Melo
Um pouco acima está o Paço de Melo, que é entre todos, o edifício mais monumental de Melo. O conjunto começou a edificar-se no século XIII e foi objecto de várias transformações até ao século XVIII. Disposto horizontalmente compondo-se do muro da cerca com merlões, da capela do Senhor do Calvário, das ruínas do edifico do paço e da torre sineira. O interior é um triste destroço desmoronado. Seria importante para Melo recuperar o seu paço.
Vergílio teve uma infância profundamente religiosa e seu baptismo foi feito na igreja matriz, onde está sepultado o Bispo da Guarda, refugiado no Paço durante a terceira invasão francesa. Ao lado da igreja está a casa paroquial onde viveu o Padre Parente imortalizado no Para Sempre.
Recordações da Casa Amarela
Partamos agora para a Casa Amarela e reparemos nas casas dos romances - a casa apalaçada do Senhor Ximenes (In Signo Sinal), as casas Queimadas (In Para Sempre) a Casa de Trás (In Para Sempre)…e chegamos por fim a “casa amarela” - provavelmente a habitação mais importante da literatura portuguesa.
“É alta, toda de amarelo, agora desbotado. Loja, dois pisos. As empenas chanfradas, um ar poliédrico no seu facetado” In Para Sempre.
Os pais quando regressaram da América, já o nosso escritor tinha treze anos, mas retornam aquele País, entretanto vão construindo esta moradia com quintal que dá pelo nome de Vila Josephine, que era o nome da mãe americanizado, para melhor se integrar naquela sociedade. Era o nome relativo a Josefa. Era importante que a habitação fosse a casa museu de Vergílio Ferreira, a semelhança daquilo que acontece com a casa Miguel Torga em Coimbra.
O seu interior é descrito em vários romances. Lá está o violino, a galinha inspiradora do conto com o mesmo nome…
E da varanda, as vistas solenes para a montanha, espaço sempre presente na obra literária, acolá as escombreiras das antigas minas da Alegria Breve, ali as ruínas do Paço de Melo; é todo o exterior a fornecer pistas para a descoberta do Eu metafísico de Vergílio Ferreira…
Entre muitas citações da casa, escolhi a abertura da Aparição em homenagem a tertúlia literária online do Leitura Partilhada.
“Sento-me aqui nesta sala vazia e relembro. Uma lua quente de Verão entra pela varanda, ilumina uma jarra de flores sobre a mesa. Olho essa jarra, essas flores, e escuto o indício de um rumor de vida, o sinal obscuro de uma memória de origens. No chão da velha casa a água da lua fascina-me. Tento, há quantos anos, vencer a dureza dos dias, das ideias solidificadas, a espessura dos hábitos, que me constrange e tranquiliza. Tento descobrir a face últimas das coisas e ler aí a minha verdade perfeita.
Mas tudo esquece tão cedo, tudo é tão cedo inacessível. Nesta casa enorme e deserta, nesta noite ofegante, neste silêncio de estalactites, a lua sabe a minha voz primordial”. In Aparição.

Texto também publicado em http://www.portugalnotavel.com/

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