Leitura Partilhada
quinta-feira, janeiro 31, 2008
 
Não é fácil encontrar palavras para definir a intensidade desta leitura. Todas as que possa escolher como mais significativas fazem parte da história destas páginas- forte, brutal, animal, inaudito, visceral- e passam a ter uma intenção que não lhe conhecíamos. Estas são palavras associadas para sempre a imagens inesquecíveis. A força da prosa é incrível mas arrepiante e deste horror tão físico resta-nos um amargo de boca e uma total descrença na raça humana.


A banalização da crueldade é um perigo. A chacina continua. Um homem é só um homem.

Troti
 
quarta-feira, janeiro 30, 2008
  Vede o menino
Comecei por pensar que nada os move, a não ser a sua natureza brutal. E que, com excepção do rapaz e de Holden, nenhuma das personagens tem uma individualidade: não sabemos o que pensam e o que querem, não sabemos sequer se sentem. Aqueles homens massacram, violam, incendeiam, destroem, chafurdam, e não são solidários entre si. Parecem agir de forma amoral, sem noção da diferença entre o bem e o mal, como crianças perversas.

A certa altura, percebi que não era isto o que eu queria dizer. Não há que desculpabilizá-los, eles sabiam perfeitamente que eram cruéis, mas estavam positivamente a marimbar-se. E até o rapaz, que tem uma morte horrenda e que nos desperta alguma simpatia (pois parece capaz de sentir piedade, lealdade, enfim, preocupação pelo Outro), acaba por não ser diferente, abandonando os peregrinos cansados à sua sorte, no meio do nada. Mas, talvez não se possa exigir muito de quem foi marcado à nascença por um destino que lhe roubou precocemente a inocência.

azuki
 
 

“...embora já não restassem dúvidas sobre o que aí vinha,

ninguém se atrevia a dar-lhe nome."(p.330)


Troti
 
  perturbação e equívoco
No dia vinte e um de Julho do ano de 1849 entraram na cidade de Chihuahua e foram acolhidos como heróis, tocando os cavalos de pelagem variegada diante deles através da poeira das ruas num pandemónio de dentes à mostra e olhos esgazeados. Rapazitos corriam no meio dos cascos e os vencedores com os seus andrajos ensanguentados sorriam por baixo da porcaria e do pó e das crostas de sangue seco enquanto ostentavam na ponta de paus as cabeças ressequidas dos inimigos através daquela fantasia de música e flores. (pag 199)
(“Meridiano de Sangue ou O Crepúsculo Vermelho no Oeste”, de Cormac McCarthy; Relógio d’Água Editores; tradutor: Paulo Faria)

O horror une-se à festa colorida, aumentando a sensação de engano e de estupefacção.

azuki
 
terça-feira, janeiro 29, 2008
 

As leis naturais mandam germinar, dar flor e fenecer, mas nos afazeres dos homens não
há declínio e o meio-dia da sua expressão assinala o começo da noite. A alma humana
fica exaurida no ponto culminante das suas façanhas. O seu meridiano é a um tempo o início
das trevas e o declinar do seu dia. O ser humano gosta de jogos? Pois que jogue a valer.
"(p.179)


Troti

 
 

"Se muita coisa no mundo era misteriosa, os limites desse mundo não o eram,
pois era incomensurável e sem fim e continha no seu seio criaturas ainda mais horríveis
e homens de outras cores e seres que nenhum olho humano contemplou ainda e todavia
nenhum deles mais escuso que os seus própros corações a baterem-lhes no peito, por mais
agrestes que fossem os recantos do mundo e mais fantásticas as feras que os habitam.(p.168)

Troti



 
  Muito tempo depois de fechar este livro...
“O pó estancava o sangue das cabeças luzidias e nuas dos homens escalpados que, com a franja de cabelo em volta das feridas e tonsurados até ao osso, jaziam agora como monges mutilados e nus na poeira ensopada de vermelho e por toda a parte os moribundos gemiam e balbuciavam frases sem nexo e os cavalos caídos relinchavam.” (pag 74)
**
“Ao cabo desse primeiro minuto, a carnificina generalizara-se” (pag 187)
**
“Deambulavam pelo meio dos mortos ceifando as longas cabeleiras negras com as facas e deixando as vítimas de crânio à mostra e ataviadas com estranhas coifas. (...) Viam-se homens a chapinhar nas águas vermelhas, acutilando os mortos às cegas, e alguns copulavam no chão com os corpos cobertos de pancadas de jovens mortas ou moribundas na margem. Um dos Delawares passou com uma colecção de cabeças, qual um estranho vendedor a caminho do mercado, com os cabelos enrolados em volta do pulso e as cabeças a baloiçarem e a rodopiarem todas juntas.” (pag 189)
**
“Com olhos sombrios e graves, assistiram à passagem daquela nau ensanguentada pelas ruas da cidade. Aqueles cavaleiros pareciam ter jornadeado através de um mundo lendário e deixavam atrás de si uma bizarra névoa escura, qual uma imagem persistente na retina, e o ar que agitavam ficava alterado e eléctrico.” (pag 210)
**
“Cruzaram aldeolas e tiraram o chapéu para cumprimentar gente que iriam assassinar antes do final do mês.” (pag 212)

(“Meridiano de Sangue ou O Crepúsculo Vermelho no Oeste”, de Cormac McCarthy; Relógio d’Água Editores; tradutor: Paulo Faria)

Muito tempo depois de fechar este livro,
hei-de lembrar-me do vento a silvar, dos abutres, dos pedaços de corpo em carne viva, do aguilhão da sede, dos escarros, dos uivos dos lobos, dos cavalos aflitos a tombar no chão com estrondo, da feridas pútridas, da espuma e da baba, do sangue arterial a esguichar, de pés a patinhar numa espécie de pasta vermelha, dos montículos de cadáveres, das aldeias com homens e mulheres e crianças que jamais alguém soube terem existido. Espero que o homem que pega fogo às pedras também lá esteja.

azuki
 
sexta-feira, janeiro 25, 2008
  Holden-Kurtz
(foto minha)

Aproveitando o mote do Castela, decidi rever Apocalipse Now, obra-prima de um Coppola profundamente inspirado pel´O Coração das Trevas, de Joseph Conrad.

No coração das trevas, as trevas consomem o coração do homem. Voa-se para surfar e mata-se ao som das Valquírias. Adoro o cheiro de napalm pela manhã. / Há dois de ti: o que mata e o que ama. / Não sei se sou um animal ou um deus.* És ambos, já o sabes. Coexistem em ti a criação e a destruição, o amor e o ódio. Qual das forças vence, quando se atingem certos limites? O medo a aniquilar a resistência, um ponto de não-retorno, a esquizofrenia total. É impossível descrever, com palavras, o que é necessário, a quem não conhece o significado do horror. O horror. O horror tem um rosto e devemos fazer dele um amigo. O horror e o terror moral são nossos amigos. Se não o forem, então, são inimigos a temer. São verdadeiros inimigos.* Se nos deixarmos entranhar pelo horror, banalizando-o, cessamos de o temer.

Conrad viu muito nas suas aventuras de marinheiro, primeiro ao serviço dos franceses, nas Caraíbas, depois durante 16 anos na marinha britânica, com a qual fez longas viagens pela Ásia e pelo Pacífico Sul. No final da sua carreira, ainda percorre o rio Congo. Ele esteve lá, nas trevas do coração da selva, e assistiu ao incomensurável poder da natureza sobre a fragilidade humana, a par do desrespeito o massacre a rapina de outras terras e outras gentes. Deparou-se também com personagens bizarras, como Georges Antoine Klein, que ele encontrou em Stanley Falls e no qual se terá inspirado para criar o sinistro capitão Kurtz. O que ele viu, não terá sido bonito de se ver. A conquista da terra (na maior parte dos casos roubá-la aos de cor diferente ou nariz mais achatado) não será bonita coisa se olhada de muito perto.** Sobre uma embarcação que percorre cenários longínquos e estranhos, o jovem Conrad cruza a sua “linha de sombra” e ganha uma outra forma de espanto, que vem com as cicatrizes da idade adulta. Ele observa como um ambiente hostil despoleta as forças medonhas que albergamos, e como se fazem e vêem coisas que nos estilhaçam por dentro e para sempre nos desfiguram. Então, se o Outro for diferente, estão reunidas as condições para a produção do mal em todo o seu esplendor. O horror! O horror!**

* Apocalipse Now, de Francis Ford Coppola; tradução livre
** O Coração das Trevas, de Joseph Conrad; Editorial Estampa; tradução de Aníbal Fernandes

azuki
 
terça-feira, janeiro 22, 2008
  "A Estrada", de Cormac McCarthy
Pai e filho caminham por uma estrada. Estão famintos e assustados. Em redor, desolação e morte. Desconhecem o seu destino, sabem apenas que parar equivaleria a desistir.

Eles preservam uma face humana, ainda que o seu dia-a-dia se resuma à busca aflita da sobrevivência: são capazes de manifestar ternura, compaixão, solidariedade. Como não desaprenderam de ser, após anos de estreito convívio com a barbárie e o desespero? Talvez seja no seu compromisso de amor que resida a salvação. Aquele pai: tudo o que o filho tem. Aquele filho: o seu pequenino, a sua defesa contra a ira a loucura a maldade, a sua memória do que é ser homem. O menino que ele irá proteger a todo o custo e cujas ilusões irá tentar resguardar (dessa forma, protegendo-se e resguardando-se a si mesmo), convencendo-o de que ainda fazem parte dos bons, eles fazem parte dos bons, parte dos bons… Pelo seu filho, aquele pai não sucumbirá, apesar da obsidiante sensação da inutilidade de todos os esforços. Pelo seu filho, ele não cederá ao horror, agarrando-se a uma quase impossível lucidez.

Nesse mundo, onde os padrões de riqueza são outros, vive-se com poucas coisas: um bidão de gasolina, um isqueiro, um lugar seguro onde atear uma fogueira, água, uma arma com duas balas, uma lata de peras em calda… Este livro, exemplo de uma literatura tristemente promissora - a ficção em cenários pós-apocalípticos -, obriga-nos a reflectir sobre a actual compulsão pela posse, alertando-nos para os crescentes níveis de agressão a que sujeitamos o planeta. De facto, a nossa arrogância a nossa sofreguidão a nossa imprudência parecem garantir que será cada vez mais difícil contornar esta perspectiva medonha: no futuro, pequenos grupos de pessoas vaguearão perdidos por uma estrada inóspita, num mundo exaurido e perigoso.

O pai mostra ao filho um mar que perdeu a cor. Desculpa não ser azul.* Não há peixes na água, nem pássaros no céu. Nas mãos da criança, um revólver. Outrora existiam trutas nos regatos das montanhas. (…) No dorso tinham desenhos vermiformes que eram mapas do mundo no seu devir. Mapas e labirintos. De uma coisa que não podia ser recriada. Cuja harmonia não podia ser reposta.* Um dia, talvez restem apenas o espaço e o silêncio... E, contudo, apesar de tudo, este livro trágico e comovente termina com uma mensagem de esperança. Mas nada nos garante a permanência na terra. A não ser o fogo que transportamos em nós.

Existe mesmo? O fogo?
Existe, sim.
Onde é que está? Eu não sei onde está.
Sabes, sim. Está dentro de ti.*


* “A Estrada”, de Cormac McCarthy; Relógio d’Água Editores; tradutor: Paulo Faria

azuki
 
segunda-feira, janeiro 21, 2008
  Moral e Guerra
As leis da moral são uma invenção da humanidade para privar dos seus direitos os mais poderosos em favor dos fracos. As leis da história subvertem as leis da moral a cada passo. A validade de uma perspectiva moral nunca pode ser confirmada ou infirmada por um qualquer exame definitivo. Quando um homem cai morto num duelo, isso não demonstra que as suas ideias eram erradas. O facto de ele se ter envolvido numa tal prova apenas atesta uma nova e mais vasta perspectiva. A vontade dos duelistas de renunciar a quaisquer novas discussões, reconhecendo o carácter trivial de todo e qualquer debate, e de apelar directamente às instãncias do absoluto histórico indica claramente a pouca importância de que se revestem as opiniões e a grande importância das divergências em torno dessas mesmas opiniões. Pois a discussão é efectivamente trivial, mas o mesmo não se pode dizer das vontades opostas que a discussão pôs em relevo.

A vaidade humana é bem capaz de tocar as raias do infinito, mas o seu saber permanece imperfeito, e, por mais que ele acabe por valorizar os seus próprios juízos, em última análise vê-se obrigado a submetê-los a um tribunal superior. Na guerra, não há lugar a recurso. Aí, quaisquer considerações em torno da equidade, da rectidão e dos direitos morais são esvaziadas de todo o valor e fundamento e os pontos de vista dos litigantes são desprezados. As decisões de vida e de morte, do que há-de ser e do que não há-de ser, ultrapassam todos os critérios de certo ou errado. As escolhas desta magnitude subordinam aos seus ditames todos os dilemas menores, morais, espirituais, naturais.

Cormac McCarthy, in 'Meridiano de Sangue'


Paulo Neves da Silva

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sexta-feira, janeiro 18, 2008
 
Neste preciso momento, lá em Washington, estão a formar uma comissão para vir até cá e traçar as linhas de fronteira entre o nosso país e o México (...) Os americanos conseguirão chegar à Califórnia sem terem de atravessar a nossa república-irmã ainda mergulhada nas trevas da ignorância e os nossos cidadãos ficarão finalmente a salvo dos bandos de assassinos tristemente famosos que hoje infestam os caminhos por onde eles são obrigados a viajar.
O capitão não tirava os olhos do rapaz, que parecia pouco à-vontade. Escuta, miúdo, prosseguiu. Nós seremos os instrumentos da libertação numa terra sombria e turbulenta. Nem mais. Seremos a vanguarda da grande invasão.
(pag 52)


(“Meridiano de Sangue ou O Crepúsculo Vermelho no Oeste”, de Cormac McCarthy; Relógio d’Água Editores; tradutor: Paulo Faria)
 
quinta-feira, janeiro 17, 2008
  cavaleiros espectrais
Deambularam pelas terras fronteiriças durante semanas a fio em busca de sinais da presença dos Apaches. Enfileirados naquela planície, moviam-se numa elisão constante, agentes ordenados do presente a repartirem o mundo que iam encontrando e deixando o que tinha sido e o que nunca viria a ser igualmente extintos na terra atrás de si. Cavaleiros espectrais, pálidos de poeira, anónimos sob a muralha do calor. Acima de tudo, pareciam totalmente erráticos, primevos, transitórios, desprovidos de ordem. Quais seres espicaçados do seio da rocha pura e postos a vaguear, anónimos e em nada diferentes das suas próprias miragens, vorazes e condenados e mudos como górgonas a errar penosamente pela aridez selvática da Gondwana num tempo em que as coisas ainda não tinham nome e todas se equivaliam. (pag 208)

(“Meridiano de Sangue ou O Crepúsculo Vermelho no Oeste”, de Cormac McCarthy; editor: Relógio d’Água; tradutor: Paulo Faria)

“Cavaleiros espectrais” é uma boa definição desses indivíduos que, de tão reais, são quase surreais. A terminologia utilizada para descrever ambientes e personagens não ajuda a conferir características eminentemente terrenas àquele tortuoso organismo de devastação cavalgando no meio da paisagem árida: abundam palavras como “primordial”, “âmago”, “trevas”, “apocalíptico”, “abismo”, “monstro”, “sombrio”, e as múltiplas expressões que aludem à quadrilha maléfica facilmente nos recordam figuras do além: “sombrios e fumegantes e apocalípticos”; “gigantes pálidos a cheirar a ranço” (este não lhes faz jus, é demasiado inofensivo); “como monstros de um conto de fadas”; “criaturas embrutecidas”; “cavaleiros andrajosos e ensanguentados”; “punhado de eleitos, maltrapilhos e brancos de poeira como uma tropa equestre de moleiros armados a deambular num acesso de demência”.

Encarei-os como personagens fantásticas de um pesadelo, não só pelo seu ar lunático numa paisagem propícia a desvarios da mente, mas porque me é difícil processar a informação até aos limites pretendidos: mulheres moribundas violadas na margem do rio, escalpes e orelhas recolhidos como troféus de guerra, bebés com crânios esmagados contra as pedras, cabeças decepadas em estacas,… O capitão fez um sorriso sinistro. Talvez a gente ainda se divirta aqui um bocado antes de cair a noite. É demasiado o horror, para que nos seja possível entender, como algo deste mundo, a absoluta crueldade daqueles seres amorais.

azuki
 
quarta-feira, janeiro 16, 2008
 
no Porto (Bom Sucesso)
 
  A Guerra é Deus
Pouco interessa o que os homens pensam da guerra, disse o juiz. A guerra perdura. É o mesmo que perguntar-lhes o que acham da pedra. A guerra sempre esteve presente. Antes de o homem existir, a guerra já estava à espera dele. O ofício supremo a aguardar o seu supremo artífice. Sempre foi assim e sempre assim será. Assim e não de outra forma.
(...) Os homens nasceram para jogar. Nada mais. Todo o garoto sabe que a brincadeira é uma ocupação mais nobre do que o trabalho. Sabe também que a excelência ou mérito de um jogo não é inerente ao jogo em si, mas reside, isso sim, no valor daquilo que os jogadores arriscam. Os jogos de azar exigem que se façam apostas, sem o que não fazem sequer sentido. Os desportos implicam medir a destreza e a força dos adversários e a humilhação da derrota e o orgulho da vitória constituem em si mesmos aposta suficiente, pois traduzem o valor dos contendores e definem-nos. Porém, quer se trate de contendas cuja sorte se decide pelo azar quer pelo mérito, todos os jogos anseiam elevar-se à condição da guerra, pois nesta aquilo que se aposta devora tudo, o jogo, os jogadores, tudo.

Imaginem dois homens a jogar às cartas que nada têm para apostar a não ser as próprias vidas. Quem é que não ouviu já uma história assim? Uma carta virada. Para um tal jogador, a laboriosa progressão do universo inteiro veio desembocar naquele momento decisivo que irá decidir se é ele que vai morrer às mãos do adversário ou o inverso. Haverá certificação mais segura do valor de um homem? Este engrandecimento do jogo até ao seu estado supremo não admite discussão em torno do conceito de destino. A escolha de um homem em detrimento de outro é uma preferência absoluta e irrevogável e só uma pessoa destituída de inteligência poderia imaginar uma decisão tão profunda sem que a ela presidisse um qualquer intento ou significado de ordem superior. Nos jogos que têm como objecitvo a aniquilação do vencido, as decisões são muito claras. Este homem, que tem nas mãos esta combinação particular de cartas, vê a sua existência chegar ao fim por esse motivo. Eis a natureza da guerra, cujo prémio é a um tempo o jogo e a autoridade e a justificação. Vista desta maneira, a guerra é a forma mais genuína de adivinhação. É pôr à prova a nossa vontade e a vontade de outrem no quadro daquela vontade mais vasta que, pelo facto de vincular todas as vontades individuais, é obrigada a escolher. A guerra é o jogo supremo porque representa, em última análise, o romper da unidade da existência. A guerra é deus.


Cormac McCarthy, in 'Meridiano de Sangue'

Paulo Neves da Silva

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  duas palavras sobejamente utilizadas (nesta tradução)
- deputação (“acto ou efeito de deputar”; deputar: do Lat. deputare, "enviar missão"): mas que palavra tão desagradável...

- perscrutar: vocábulo bastante apreciado pelo tradutor; sendo marcante, deveria porventura usar-se com mais parcimónia; penso no livro e imagino tudo e todos a perscrutar…

perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar perscrutar

azuki

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terça-feira, janeiro 15, 2008
  As frases

As frases surgem como telas vivas:

“Negros nos campos, magros e curvados, com dedos semelhantes a aranhas por entre os flocos de algodão.”

“Os homens pareciam efígies de lama.”

“O rapaz segurava a gora a navalha e os dois descreviam círculos, quais caranguejos”

“Parecia um enorme boneco de vudu feito de barro que tivesse ganhado vida própria...”

“...a tenda começou a balouçar e a vergar-se e, qual uma gigantesca medusa ferida, tombou vagarosamente...”

“Um caracol escuro de fumo ergueu-se no ar, uma chama azul de verniz a arder.”

“...um vento frio faz ranger as ervas”

“”O céu nocturno estende-se tão salpicado de estrelas que quase não há espaço para o negrume e elas tombam toda a noite em arcos melancólicos...”

“O Sol que se ergue é da cor do aço”


Troti

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  O Sonho Febril da Realidade
A verdade acerca do mundo, disse ele, é que tudo é possível. Não fosse o caso de vocês se terem habituado desde a nascença a ver tudo aquilo que vos rodeia, esvaziando assim as coisas da sua estranheza, e a realidade surgiria aos vossos olhos tal como é, um truque de magia num número de ilusionismo, um sonho febril, um transe povoado de quimeras sem analogia nem precedente imaginável, um carnaval itinerante, um espectáculo de feira migratório cujo derradeiro destino, depois de montar a tenda tantas e tantas vezes em tantos baldios enlameados, é tão indescritível e calamitoso que o espírito humano não consegue sequer concebê-lo.

O universo não é uma coisa limitada e a ordem que o rege não tem peias que, tolhendo-lhe os desígnios, a forcem a repetir noutro lugar qualquer o que já existe num dado lugar. Mesmo neste mundo, existem mais coisas que escapam ao nosso conhecimento do que aquelas que conhecemos e a ordem que os nossos olhos vêem na criação é a ordem que nós lá pusemos, qual fio num labirinto, para não nos perdermos. É que a existência tem a sua própria ordem e essa nenhum espírito humano consegue abarcar, sendo esse espírito apenas mais um facto entre tantos outros.


Cormac McCarthy, in 'Meridiano de Sangue'

Paulo Neves da Silva

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segunda-feira, janeiro 14, 2008
  There's no such thing as life without bloodshed
Pouco interessa o que os homens pensam da guerra, disse o juiz. A guerra perdura. É o mesmo que perguntar-lhes o que acham da pedra. A guerra sempre esteve presente. Antes de o homem existir, a guerra já estava à espera dele. O ofício supremo a aguardar o seu supremo artífice. Sempre foi assim e sempre assim será. Assim e não de outra forma.
(“Meridiano de Sangue ou O Crepúsculo Vermelho no Oeste”, de Cormac McCarthy; editor: Relógio d’Água; tradutor: Paulo Faria)

Fico com a estranha sensação de que não existe redenção possível, como se o mal fosse inevitável e acreditar no bem um equívoco (é um facto que o bem surge, mas de forma circunstancial). Nada daquilo é fabricado: da mesma forma que o sol se deita vermelho, assim a natureza humana é feita de sangue. O estado de guerra, o confronto, a violência, é o mais puro, o mais natural, o mais brutal que há em nós. Tudo o resto é construção. E, pelos vistos, uma construção com alicerces poucos sólidos (lembro-me -já aqui o disse- de Jonathan Littel, autor d'As Benevolentes, a admitir que, caso tivesse nascido na época, aquele carrasco bem poderia ser uma das suas faces possíveis, pois “a cultura não nos protege de nada”…).

Ficam as inquietantes palavras de McCarthy: There's no such thing as life without bloodshed. . . . I think the notion that the species can be improved in some way, that everyone could live in harmony, is a really dangerous idea. Those who are afflicted with this notion are the first ones to give up their souls, their freedom. Your desire that it be that way will enslave you and make your life vacuous.

azuki

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domingo, janeiro 13, 2008
  Crueldade Racional
O Juiz Holden em "Meridiano de Sangue", a personagem que defende a regeneração da civilização pela violência, tem o seu paralelismo na personagem principal (o mercenário Chigurh) do livro Este País não é para Velhos, último livro de Cormac McCarhty publicado recentemente, do qual não resisto a deixar aqui um excerto que destaquei na minha leitura e que testemunha aquilo que digo:

Ela soluçava. Abanou a cabeça.
E todavia, embora eu te pudesse ter dito de antemão como é que tudo isto iria terminar, achei que não era excessivo proporcionar-te um derradeiro lampejo de esperança neste mundo, para te alegrar o coração antes que tombe o véu, as trevas. Compreendes?
Oh, meu Deus, disse ela . Oh, meu Deus.
Sinto muito.
Ela olhou-o pela derradeira vez. Não és obrigado, disse. Não és. Não és.
Ele abanou a cabeça. Estás a pedir-me que me torne vulnerável, e isso é coisa que eu nunca poderei fazer. Só tenho uma maneira de viver, que não admite casos excepcionais. Uma moeda ao ar, no máximo. Sem grande utilidade, neste caso. A maioria das pessoas não acredita que possa existir alguém assim. Isso deve constituir para elas um grande problema, como facilmente entenderás. Como levar a melhor sobre uma coisa cuja existência nos recusamos a reconhecer. Compreendes? Assim que eu entrei na tua vida, a tua vida terminou. Teve um começo, um meio e um fim. O fim é agora. Dirás que as coisas podiam ter sido diferentes. Que podiam ter corrido de outra maneira. Mas o que é que isso significa? As coisas não correram de outra maneira. Correram desta. Estás a pedir-me que desminta o mundo. Percebes?
Sim, disse ela, a soluçar. Percebo. A sério que percebo.
Ainda bem, disse ele. Óptimo. Depois deu-lhe um tiro.


Ainda, em Filho de Deus, livro escrito por McCarhty antes destes dois, temos o personagem Holden/Chigurh crú (Ballard), sem filosofias, selvagem e sem qualquer educação mas de comportamento semelhante.

Sem parece redutor na minha análise, há um apuramento progressivo da personagem cruel (Ballard->Holden->Chigurh) mas que de certa forma representa a base do homem que sobrevive a toda a humanidade, acima das suas leis, morais, e instintos fraternais, uma força da natureza que assusta pela inevitabilidade com que podem surgir na nossa História, principalmente quando chegam a situações de poder político ou militar.
O macabro em tudo isto é que é a força da natureza, que se revela na mesma, a lei do mais forte (e neste caso o mais forte significa sem princípios, tal como na própria natureza) que acabará por vingar sobre todas as civilizações, se estas se revelarem demasiado fracas (a nossa actual está no seu declínio).

Muitas das tiradas filosóficas de Holden e Chrigurh (principalmente de Holden) fazem lembrar excertos dos livros de Nietzsche, na sua busca da melhoria do homem, que tão mal interpretado e usado foi pelos nazis e não só (pobre Nietzsche).

Paulo Neves da Silva

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sábado, janeiro 12, 2008
 
Meridiano de Sangue é um notável romance. Passa-se na fronteira entre o México e os Estados Unidos nos meados do século XIX, mas também nos limites do homem (já visto no Apolicapse Now ou seja o Coração das Trevas); o juiz lembra-me Moby Dick, mas também Marlon Brando no papel do coronel Kurtz.
O grupo de Glanton é o bando de Kurtz, com poucas diferenças, no fundo trata-se de um banal grupo paramilitar que demanda nos seus objectivos. Podem ser vistos na Colômbia, Somália, Iraque, Paquistão - e até recentemente na nossa Europa civilizada- guerra das Balcãs.
O Juiz é o nosso guia do inferno, o líder espiritual do horror, um ser sábio e cruel; a personagem mais violenta da literatura americana. Aqui surge a minha hesitação.
Tenho por certo que a sabedoria nos salva da maldade, ou pelo menos o sábio consegue defender-se a si próprio da tentação do mal- porque conhece a expressão de Freud que “o inferno somos todos nós”. Seriam Calígula, o Papa Urbano II, São Bernardo, Hitler, Mussolini, Estaline, Mão Tsé Tung, Pol Pot, Milosevic, Saddam Hussein, Mula Omar, Bin Ladem, Bush…indivíduos sapientes, conhecidos pelos seus dotes culturais ou científicos?
Das suas biografias sabemos que não - eram apenas personagens com um estranho carisma, que aparentavam uma tremenda força interior, endemoninhados com o poder, ou simplesmente fanáticos místicos religiosos.
Mas o Juiz é culto…então o que concluímos? Que um douto resiste mais ao mal do que a gente comum, mas se a fronteira moral e ética se estilhaça, normalmente com o sofrimento intenso, então livrai-nos do sábio, porque este detém o conhecimento mais aprofundado de como realizar o verdadeiro mal, e aqui é que a humanidade perde a esperança.
“ O horror! o horror!”

Castela

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sexta-feira, janeiro 11, 2008
  Destino sem Medo
O homem que acha que os segredos do mundo são para sempre insondáveis vive no mistério e no medo. A superstição arrasta-o para o abismo. A chuva acabará por esfarelar os feitos da sua existência. Mas do homem que atribui a si mesmo a tarefa de isolar da trama do cosmos o fio da ordem podemos dizer que, com essa simples decisão, tomou as rédeas do mundo nas suas mãos e só dessa forma conseguirá ditar os termos do seu próprio destino.

Cormac McCarthy, in 'Meridiano de Sangue'

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  nem mais
bandeira México

Nós lutamos por aquela terra. Perdemos amigos e irmãos lá em baixo. E depois... diabos me levem se não a devolvemos de mão beijada. Devolvemo-la a uma súcia de bárbaros que até o mais predisposto a simpatizar com eles reconhecerá que não fazem a mais pequena ideia à face da terra do que seja honra ou justiça ou do que significa um governo republicano. Uma gente tão covarde que durante cem anos pagaram tributo a tribos de selvagens em pelota. Abandonaram as colheitas e o gado. Minas encerradas. Aldeias inteiras sem vivalma. E enquanto isto uma horda de pagãos devassa aquela terra de lés a lés a saquear e a matar com toda a impunidade sem que ninguém levante um dedo contra eles. Que raio de gente é esta? Os Apaches nem sequer os matam a tiro. Sabias? Matam-nos com pedras. O capitão abanou a cabeça. Aquilo que tinha para contar parecia entristecê-lo.
(...)
O capitão recostou-se a cruzou os braços. Aquilo com que estamos aqui a lidar, disse, é uma raça de degenerados. Uma raça de mestiços, pouco melhores que escarumbas ou talvez nem isso. Não há governo no México. Irra, no México nem sequer há Deus. Nunca haverá. Estamos em presença de um povo manifestamente incapaz de se governar a si próprio. E sabes o que acontece aos povos que não se conseguem governar a si próprios? Nem mais. Vêm povos de fora governá-los.

(“Meridiano de Sangue ou O Crepúsculo Vermelho no Oeste”, de Cormac McCarthy; editor: Relógio d’Água; tradutor: Paulo Faria)

São mercenários contratados pelos mexicanos para exterminar os índios, do outro lado da fronteira. Mas sentem-se defraudados. É tudo um grande desperdício, deixar aquelas terras nas mãos de pataratas que nem os índios respeitam. Falam de honra e de coragem e de justiça. Falam da república. Falam da civilização. Das “aldeias inteiras sem vivalma”, eles se encarregarão… A partir de certa altura, irão cessar os resquícios de auto-controlo e todo o alvo servirá para abater: índios, colonos, animais, qualquer criatura viva que se cruze no seu caminho, vai ficar em muito mau estado.

azuki

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quinta-feira, janeiro 10, 2008
  MERIDIANO
.
do Lat. meridianu
s. m.círculo máximo que passa pelos pólos e divide a Terra em dois hemisférios.
.
Joana

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  JUIZ HOLDEN
The Empire is the institution, the codification, of derangement; it is insane and imposes its insanity on us by violence, since its nature is a violent one.
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Tractates Cryptica Scriptura,Philip K. Dick
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Joana

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  resposta ao ams (já que as caixas de comentários não funcionam)
Olá, ams!

“As Fúrias”, como diria Eduardo Pitta, não é mesmo?
(falando nelas, a Oresteia é dos mais brilhantes livros que encontrei na vida, muito embora me provoque sentimentos contraditórios e alguma irritação – pobre Clitmnestra…)

Estou exactamente como tu, tomei-lhe o peso (no meu caso, ao da edição em português, claro) e desisti (como todos os best sellers, este arremete-se contra nós, logo à entrada da Fnac), mas a temática interessa-me e li muito do que se escreveu sobre ele, incluindo as enfadadas entrevistas do seu enfadado autor. Quanto à tradução, presumo que não exista hipótese de alguém como Miguel Serras Pereira vir a causar-nos desilusão (?).

Desde que cheguei do Brasil, resolvi retomar as minhas leituras de criança-adolescente a perscrutar as estantes de seu pai (ando enredada em Jorge Amado, e Jorge Amado, e Jorge Amado….), mas o interregno para Cormac McCarthy foi na mouche! Tenho pena que Meridiano de Sangue não te seduza. É do melhor e mais intenso que li nos últimos anos. Um livro com uma força impressionante e que não se esquece.

Vai-te mantendo connosco, os teus comentários fazem-me sempre falta.

Um beijo,
azuki

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  Cada Homem Habita em Todos os Outros
Vossemecê aprendeu a desenhar vá-se lá saber onde e os seus desenhos parecem-se muito com as coisas, não haja dúvida. Mas nenhum homem consegue pôr o mundo inteiro num livro. Assim como um livro onde todas as coisas estivessem desenhadas não seria o mundo.
Muito bem, Marcus, respondeu o juiz.
Mas não me desenhe a mim, disse Webster. Porque eu não quero fazer parte do seu livro.
O meu livro ou outro livro qualquer, disse o juiz. O que há-de vir não se desvia nem um bocadinho do livro onde está escrito. Como poderia desviar-se? O livro seria falso, e um livro falso nem sequer merece tal nome.
Vossemecê fala por enigmas como ninguém e eu não vou terçar palavras consigo. Só lhe peço que não ponha a minha venerável carantonha nesse seu caderno porque não me agrada que ande a mostrá-la por aí, se calhar a estranhos.
O juiz sorriu. Seja no meu livro ou não, cada homem habita em todos os outros e em troca alberga-os em si e assim por diante numa infindável complexidade de ser e testemunha até aos confins do mundo.



Cormac McCarthy, in 'Meridiano de Sangue'

Paulo Neves da Silva

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Só agora a criança é finalmente despojada de tudo o que foi. As suas origens tornaram-se remotas, tão remotas como o seu destino, e por muitas voltas que o mundo dê nunca mais haverá domínios tão selvagens e bárbaros para pôr à prova se os frutos da criação podem ser moldados à vontade do homem ou se o próprio coração humano não passa também ele de barro maleável.
(p.17)

Troti

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quarta-feira, janeiro 09, 2008
  SAMUEL CHAMBERLAIN

In his memoirs My Confession: the Recollections of a Rogue, Samuel Chamberlain narrates the demise of John Glanton's gang of scalp hunters, operating in northern Sonora and in New Mexico and Arizona (some of the particulars of this text are not accurate- dates, etc.- but it provides a first hand account of life in a scalping party). Chamberlain had left Boston and had gone West- the beginnings of an eventful life, only a small portion of which can be found here. In 1844 his father died and he traveled to Illinois; in 1846 (at sixteen) he enlisted in the "Illinois Foot Volunteers," and Private Chamberlain went to war against Mexico. Three months later he was discharged in San Antonio and immediately signed up with the First Regiment of the United States Dragoons. According to Army records on March 22, 1849, he was listed as a deserter- he had left his regiment for Glanton's gang (Chamberlain claimed that he was discharged in Mexico and had signed onto an expedition to California as a civilian when he joined Glanton). The next documented record of Chamberlain appears at the Alcalde of Los Angeles; on May 9, 1850 the survivors of the Glanton massacre, of whom Chamberlain presumably numbered, arrived there and reported an "Indian uprising" on the Colorado River.
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Fonte:American Studies at the University of Virginia
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Joana

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  HOLDEN
Glanton's gang consisted of "Sonorans, Cherokee and Delaware Indians, French Canadians, Texans, Irishmen, a Negro and a full-blooded Comanche," and when Chamberlain joined them they had gathered thirty-seven scalps and considerable losses from two recent raids (Chamberlain implies that they had just begun their careers as scalp hunters but other sources suggest that they had been engaged in the trade for sometime- regardless there is little specific documentation of their prior activities). Second in command to Glanton was a Texan- Judge Holden. In describing him, Chamberlain claimed, "a cooler blooded villain never went unhung;" Holden was well over six feet, "had a fleshy frame, [and] a dull tallow colored face destitute of hair and all expression" and was well educated in geology and mineralogy, fluent in native dialects, a good musician, and "plum centre" with a firearm. Chamberlain saw him also as a coward who would avoid equal combat if possible but would not hesitate to kill Indians or Mexicans if he had the advantage. Rumors also abounded about atrocities committed in Texas and the Cherokee nation by him under a different name. Before the gang left Frontreras, Chamberlain claims that a ten year old girl was found "foully violated and murdered" with "the mark of a large hand on her throat," but no one ever directly accused Holden.

Fonte:American Studies at the University of Virginia
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Joana

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  JOHN JOEL GLANTON
According to Chamberlain, John Glanton was born in South Carolina and migrated to Stephen Austin's settlement in Texas. There he fell in love with an orphan girl and was prepared to marry her. One day while he was gone, Lipan warriors raided the area scalping the elderly and the children and kidnapping the women- including Glanton's fiancee. Glanton and the other settlers pursued and slaughtered the natives, but during the battle the women were tomahawked and scalped. Legend has it, Glanton began a series of retaliatory raids which always yielded "fresh scalps." When Texas fought for its independence from Mexico, Glanton fought with Col. Fannin, and was one of the few to escape the slaughter of that regiment at the hands of the Mexican Gen. Urrea- the man who would eventually employ Glanton as a scalp hunter. During the Range Wars, Glanton took no side but simply assassinated individuals who had crossed him. He was banished, to no avail, by Gen. Sam Houston and fought as a "free Ranger" in the war against Mexico. Following the war he took up the Urrea's offer of $50 per Apache scalp (with a bonus of $1000 for the scalp of the Chief Santana). Local rumor had it that Glanton always "raised the hair" of the Indians he killed and that he had a "mule load of these barbarous trophies, smoke-dried" in his hut even before he turned professional.

When Chamberlain first encountered "Crying Tom" Hitchcock (one of Glanton's scalp hunters) near Tucson, the former supposedly had been tied up in the sun as punishment by a commanding officer for defying orders and sketching the Mission of San Xavier del Bac. Hitchcock cut him down and for his efforts was similarly punished. From Hitchcock, Chamberlain learned that Glanton and his army of Indian hunters had been employed by the Governor of Sonora Don D. José Urrea and decided to run away and join Hitchcock and Glanton. The pair set off towards Frontreras, and on the way Chamberlain got his first taste of his new life. They encountered an Apache war party which began to charge; according to Chamberlain he "drew a bead on a big chap and fired." The wounded soldier "gave a wild startling yell, and by his hands alone, dragged himself to the brink of the deep barranca, then singing his death chant and waving his hand in defiance towards us he plunged into the awful abyss"- saving his scalp from the Anglos. Apparently, Chamberlain's shot had also dispersed the rest of the party since he makes no other mention of them; at any rate the pair soon reached the rest of the hunting party.
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Fonte:American Studies at the University of Virginia
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Joana

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  Maldade Eterna
É difícil, a vida do pecador. Deus fez este mundo, mas não o fez a contento de todos, pois não?
Não me parece que ele estivesse a pensar muito em mim.
Pois, disse o velho. Mas em que é que as ideias de um homem o ajudam? Que mundos viu ele que preferia a este?
Consigo imaginar lugares melhores e melhores costumes.
E vossemecê consegue fazê-los existir?
Não.
Não. É um mistério. Um homem vê-se em palpos de aranha para entender a própria mente porque só tem a própria mente para entendê-la. Pode entender o próprio coração, mas não quer. E faz muito bem. O melhor é nem espreitar lá para dentro. Não é o coração de uma criatura que esteja no caminho que Deus lhe traçou. Encontra-se ruindade na mais mesquinha das criaturas, mas quando Deus criou o homem tinha o diabo à sua ilharga. Uma criatura capaz de tudo, capaz de criar uma máquina e uma máquina para criar a máquina. E maldade que se perpetua sozinha durante um milhar de anos, sem ser preciso alimentá-la. Vossemecê acredita nisso?
Não sei.
Pois acredite.


Cormac McCarthy, in 'Meridiano de Sangue'
Paulo Neves da Silva

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"Lutam a soco, a pontapé, com garrafas ou facas. Todas as raças, todas as castas."
(p.16)

Nestas frases se define o destino do homem. Um eterno conflito.

Troti.

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terça-feira, janeiro 08, 2008
  Realidade Cruel
Um romance de grande rigor literário em volta de um tema que se encontra extremamente dissecado e esgotado noutros meios de expressão: no cinema, nas bandas desenhadas, na própria indústria de brinquedos. Estamos a falar da vida no oeste americano de meados do século XIX, vulgarmente etiquetado como paisagem de «westerns». O leitor, logo às primeiras páginas, entra num universo que não encaixa de modo algum nos cânones de assimilação dos típicos cenários de «western», por um lado, pela soberba qualidade de escrita, bem cuidada no detalhe e riqueza de descrição de cenários e do desenvolvimento da acção, por outro, por uma violência terrível que afastará as pessoas mais sensíveis e mesmo porventura as menos sensíveis. A violência não é gratuita, como se poderia depreender que tal fosse normal num típico «western», é uma violência que se sente real e de descrição necessária como substância essencial à construção deste romance que descreve o verdadeiro horror vivido nesses tempos, em todos os aspectos da existência humana, onde uma vida não valia absolutamente nada e onde a morte e a tortura eram vividos de uma forma completamente resignada, porque constantemente presente, e onde tudo o que de mau o ser humano tem se revelava nas suas mais bárbaras expressões.

A narrativa centra-se em volta de um rapaz, que ainda novo começa a vaguear sozinho pelo Oeste, sofrendo e assistindo a episódios horripilantes, até que é recrutado por um bando de caçadores de escalpes, e a partir daí participa numa história de monstruosos e inumanos massacres legais (?) e ilegais, sem qualquer regra de conduta ou respeito por qualquer tipo de ser vivo. Neste bando participa outro personagem, a verdadeira figura central deste romance, conhecido como o «Juiz», que é o expoente de todo o cenário de violência do mesmo. Homem com uma enorme experiência de vida, e que já vagueou por todo o mundo, com imensos conhecimentos, inclusivamente académicos, fluente em imensas línguas, é um filósofo que advoga a apologia da regeneração da civilização pela violência, fazendo regularmente dissertações ou observações profundas sobre o verdadeiro sentido da vida nas quais ninguém acredita, apelidando-o de louco, mas reconhecendo a imensa sabedoria que o Juiz demonstra, não pela teoria, mas pela sua prática, revelando o Juiz ser o melhor dançarino num palco da vida em que toda a gente, em determinado ponto, se recusa a dançar, e por isso morre, donde poucos são os iluminados que como ele sabem como deve ser vivida a existência. Personagem terrível e macabra, capaz das maiores atrocidades e ao mesmo tempo dos melhores gestos humanos na maior das delicadezas, revela um homem que conhece todos os extremos do ser, e que, como que sem moral ou consciência (que ele facilmente revoga numa das suas dissertações) age da forma que bem lhe apraz em qualquer momento. Com um registo num caderno de tudo o que de original vai encontrando, destruindo as provas logo a seguir, constrói a realidade sob a assunção de que tudo aquilo que não viu não existe, e por isso é um homem completo sem qualquer necessidade de nada mais, apenas de viver o que cada dia lhe oferece, no tal palco da vida em que poucos sabem verdadeiramente dançar.

McCarthy, além do já falado superior rigor de escrita que demonstra, revela também um conhecimento profundo do território do Oeste americano, com todas as descrições detalhadas das centenas de cenários que os personagens do romance atravessam, além de um grande conhecimento da história real, em termos de factos, ocorridos nesse período, servindo o livro também como documentário fabuloso e único do Oeste Americano. Mas, acima de tudo, todo o retrato humano (?) da regeneração pela violência, cujos sobreviventes deram origem aos cidadãos americanos actuais, pela forma superior em que é escrito, descrito, e interpretado (principalmente pelo Juiz), faz deste livro uma obra-prima imprescindível a qualquer bom leitor, afastando o rótulo de «western» (com as conotações banais que normalmente os envolvem) que o título pode sugerir.

Como última nota, é dificil não fazer um paralelismo com «As Vinhas da Ira», de Steinbeck, cuja acção também se passa em cenário semelhante mas 50 anos depois, onde veremos que os sobreviventes continuam com a violência bem aguçada, embora mais controlada e «civilizada», no completo desrespeito pelos mais básicos direitos de vida do próximo. A verdadeira esperança do homem não vive em ambientes hostis, que mata todos os seus rebentos à nascença.

Paulo Neves da Silva, opinião sobre o "Meridiano de Sangue" publicada no Citador

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"O rosto de criança está curiosamente indemne por trás das cicatrizes, nos olhos uma bizarra inocência."

Troti

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"Toda a história está contida naquele rosto e no menino se lê o destino do homem."

Basta ler a primeira página. Ali está a força de uma escrita superior.

Troti

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"VEDE O MENINO."

Esta é a primeira frase do livro.
Esta é uma frase de uma delicadeza rara.

Troti

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segunda-feira, janeiro 07, 2008
  Human Kind / Cannot bear very much reality
Um livro intenso, apaixonante, extraordinário. Um livro com imagens de uma violência inaudita, não aconselhável a sensibilidades impressionáveis. Um livro que destrói os protocolos com que nos interpretamos, tão difícil de assimilar que nem parece verdade (apesar de o sabermos, se não verídico, pelo menos verosímil).

A tendência inata para branquear comportamentos individuais/sociais retira-nos defesas, como se nos fosse intolerável reconhecer a verdadeira natureza humana. Depois, ao mundo visto assim, de forma tão crua e frontal, chamamos-lhe hiper-realismo… “Não, gente assim é criação literária”, vai sussurrando o génio politicamente correcto que há em nós, aquele que apenas suporta limitadas doses de realidade: a partir daí, os protagonistas transformam-se em espectros e as acções em pesadelos. Vem-me à memória um trecho do monumental “Four Quartets” de Eliot: Human Kind / Cannot bear very much reality.

azuki

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domingo, janeiro 06, 2008
 
banda sonora

Tudo bem, ainda nem comecei a ler o livro para este mês, nem pretendo seguir as regras que ensinam a falar de livros sem os ter lido. Muito menos faço questão, como aquela personagem veneziana de Cândido, de dizer que o tenho na estante como um troféu de caça. Quanto ao autor, confesso, estou a devorar na net tudo o que se diz sobre ele, mas com uma sensação de déjà vu.
Outros blogues já se debruçaram sobre este livro, seria bom se os seus autores viessem até aqui alargar a comunidade do Leitura Partilhada com os seus contributos e os excertos seleccionados. Li num desses espaços uma comparação entre este Meridiano de Sangue e o Moby Dick que me interessou particularmente, porque Moby Dick já andou por aqui meses atrás e a questão do branco até foi interessante de explorar.
Vi o Juiz comparado a outras figuras ‘ de peso’. Ahab (claro), o Satanás de Milton, o Coronel Kurtz e outros suportam-no dando-lhe a credibilidade necessária para a galeria da fama, confirmando a linhagem superior dos homens-horror e ponto final. Li os comentários às cenas terríficas, mas os que são os nossos melífluos telejornais hoje em dia? Detive-me sobre as estratégias aliciadoras e cruéis para atingir um fim. É certo, não sei qual é esse fim nem me quero antecipar à fruição da leitura mas, tendo em conta o espaço físico, preciso de imaginar a música adequada para acompanhar a acção e sei que não pode ser a de qualquer western. Quanto a Wagner...


...
laerce

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sexta-feira, janeiro 04, 2008
  iconoclastia
Qualquer semelhança com os westerns que conhecemos é mera coincidência.
Que leitura trágica para as ilusões do povo norte-americano.

azuki

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quinta-feira, janeiro 03, 2008
  ei-los
Ensanguentados, fétidos, ridiculamente enfeitados (eles e as suas montadas) com peles de animais e troféus feitos de bocados de gente assassinada, ei-los que chegam, os cavaleiros maltrapilhos ferozes e ululantes:

(...) viram certo dia um bando de seres humanos de ar perverso montados em garranos índios sem ferraduras a cavalgar meio ébrios pelas ruas, de barbas compridas, bárbaros, vestidos com peles de animais cosidas com tendões e empunhando todos os géneros e feitios de armas, revólveres pesadíssimos e facas do mato do tamanho de espadas tribais escocesas e curtas espingardas de dois canos em cuja boca se podiam enfiar os polegares e os arreios dos cavalos eram feitos de pele humana e as rédeas de cabelo humano entrançado e tudo enfeitado com dentes humanos e os cavaleiros usavam escapulários ou colares de orelhas humanas secas e enegrecidas e os cavalos tinham um ar rude e um olhar feroz e arreganhavam os dentes como cães bravios e do grupo fazia também parte um certo número de selvagens seminus que rodopiavam em cima das selas, perigosos, sujos, brutais, e todo aquele bando se assemelhava a um castigo divino saído de uma terra pagã onde eles e outros como eles se alimentavam de carne humana.
À cabeça do grupo, desmesurado e pueril com o seu rosto glabro, cavalgava o juiz.

(Meridiano de Sangue ou O Crepúsculo Vermelho no Oeste, de Cormac McCarthy; editor: Relógio d’Água; tradutor: Paulo Faria)

azuki

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terça-feira, janeiro 01, 2008
  Janeiro, no Leitura Partilhada


The Official Web Site of the Cormac McCarthy Society

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O QUE ESTAMOS A LER

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PROXIMAS LEITURAS

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LEITURAS NO ARQUIVO

"ULISSES", de James Joyce (17 de Julho de 2003 a 7 de Fevereiro de 2004)

"OS PAPEIS DE K.", de Manuel António Pina (1 a 3 de Outubro de 2003)

"AS ONDAS", de Virginia Woolf (13 a 20 de Outubro de 2003)

"AS HORAS", de Michael Cunningham (27 a 30 de Outubro de 2003)

"A CIDADE E AS SERRAS", de Eça de Queirós (30 de Outubro a 2 de Novembro de 2003)

"OBRA POÉTICA", de Ferreira Gullar (10 a 12 de Novembro de 2003)

"A VOLTA NO PARAFUSO", de Henry James (13 a 16 de Novembro de 2003)

"DESGRAÇA", de J. M. Coetzee (24 a 27 de Novembro de 2003)

"PEQUENO TRATADO SOBRE AS ILUSÕES", de Paulinho Assunção (22 a 28 de Dezembro de 2003)

"O SOM E A FÚRIA", de William Faulkner (8 a 29 de Fevereiro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. I - Do lado de Swann)", de Marcel Proust (1 a 31 de Março de 2004)

"O COMPLEXO DE PORTNOY", de Philip Roth (1 a 15 de Abril de 2004)

"O TEATRO DE SABBATH", de Philip Roth (16 a 22 de Abril de 2004)

"A MANCHA HUMANA", de Philip Roth (23 de Abril a 1 de Maio de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. II - À Sombra das Raparigas em Flor)", de Marcel Proust (1 a 31 de Maio de 2004)

"A MULHER DE TRINTA ANOS", de Honoré de Balzac (1 a 15 de Junho de 2004)

"A QUEDA DUM ANJO", de Camilo Castelo Branco (19 a 30 de Junho de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. III - O Lado de Guermantes)", de Marcel Proust (1 a 31 de Julho de 2004)

"O LEITOR", de Bernhard Schlink (1 a 31 de Agosto de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. IV - Sodoma e Gomorra)", de Marcel Proust (1 a 30 de Setembro de 2004)

"UMA APRENDIZAGEM OU O LIVRO DOS PRAZERES" e outros, de Clarice Lispector (1 a 31 de Outubro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. V - A Prisioneira)", de Marcel Proust (1 a 30 de Novembro de 2004)

"ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA", de José Saramago (1 a 21 de Dezembro de 2004)

"ENSAIO SOBRE A LUCIDEZ", de José Saramago (21 a 31 de Dezembro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. VI - A Fugitiva)", de Marcel Proust (1 a 31 de Janeiro de 2005)

"A CRIAÇÃO DO MUNDO", de Miguel Torga (1 de Fevereiro a 31 de Março de 2005)

"A GRANDE ARTE", de Rubem Fonseca (1 a 30 de Abril de 2005)

"D. QUIXOTE DE LA MANCHA", de Miguel de Cervantes (de 1 de Maio a 30 de Junho de 2005)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. VII - O Tempo Reencontrado)", de Marcel Proust (1 a 31 de Julho de 2005)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2005)

UMA SELECÇÃO DE CONTOS LP (1 a 3O de Setembro de 2005)

"À ESPERA NO CENTEIO", de JD Salinger (1 a 31 de Outubro de 2005)(link)

"NOVE CONTOS", de JD Salinger (21 a 29 de Outubro de 2005)(link)

Van Gogh, o suicidado da sociedade; Heliogabalo ou o Anarquista Coroado; Tarahumaras; O Teatro e o seu Duplo, de Antonin Artaud (1 a 30 de Novembro de 2005)

"A SELVA", de Ferreira de Castro (1 a 31 de Dezembro de 2005)

"RICARDO III" e "HAMLET", de William Shakespeare (1 a 31 de Janeiro de 2006)

"SE NUMA NOITE DE INVERNO UM VIAJANTE" e "PALOMAR", de Italo Calvino (1 a 28 de Fevereiro de 2006)

"OTELO" e "MACBETH", de William Shakespeare (1 a 31 de Março de 2006)

"VALE ABRAÃO", de Agustina Bessa-Luis (1 a 30 de Abril de 2006)

"O REI LEAR" e "TEMPESTADE", de William Shakespeare (1 a 31 de Maio de 2006)

"MEMÓRIAS DE ADRIANO", de Marguerite Yourcenar (1 a 30 de Junho de 2006)

"ILÍADA", de Homero (1 a 31 de Julho de 2006)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2006)

POESIA DE ALBERTO CAEIRO (1 a 30 de Setembro de 2006)

"O ALEPH", de Jorge Luis Borges (1 a 31 de Outubro de 2006) (link)

POESIA DE ÁLVARO DE CAMPOS (1 a 30 de Novembro de 2006)

"DOM CASMURRO", de Machado de Assis (1 a 31 de Dezembro de 2006)(link)

POESIA DE RICARDO REIS E DE FERNANDO PESSOA (1 a 31 de Janeiro de 2007)

"OS MISERÁVEIS", de Victor Hugo (1 a 28 de Fevereiro de 2007)

"O VERMELHO E O NEGRO" e "A CARTUXA DE PARMA", de Stendhal (1 a 31 de Março de 2007)

"OS MISERÁVEIS", de Victor Hugo (1 a 30 de Abril de 2007)

"A RELÍQUIA", de Eça de Queirós (1 a 31 de Maio de 2007)

"CÂNDIDO", de Voltaire (1 a 30 de Junho de 2007)

"MOBY DICK", de Herman Melville (1 a 31 de Julho de 2007)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2007)

"PARAÍSO PERDIDO", de John Milton (1 a 30 de Setembro de 2007)

"AS FLORES DO MAL", de Charles Baudelaire (1 a 31 de Outubro de 2007)

"O NOME DA ROSA", de Umberto Eco (1 a 30 de Novembro de 2007)

POESIA DE EUGÉNIO DE ANDRADE (1 a 31 de Dezembro de 2007)

"MERIDIANO DE SANGUE", de Cormac McCarthy (1 a 31 de Janeiro de 2008)

"METAMORFOSES", de Ovídio (1 a 29 de Fevereiro de 2008)

POESIA DE AL BERTO (1 a 31 de Março de 2008)

"O MANUAL DOS INQUISIDORES", de António Lobo Antunes (1 a 30 de Abril de 2008)

SERMÕES DE PADRE ANTÓNIO VIEIRA (1 a 31 de Maio de 2008)

"MAU TEMPO NO CANAL", de Vitorino Nemésio (1 a 30 de Junho de 2008)

"CHORA, TERRA BEM-AMADA", de Alan Paton (1 a 31 de Julho de 2008)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2008)

"MENSAGEM", de Fernando Pessoa (1 a 30 de Setembro de 2008)

"LAVOURA ARCAICA" e "UM COPO DE CÓLERA" de Raduan Nassar (1 a 31 de Outubro de 2008)

POESIA de Sophia de Mello Breyner Andresen (1 a 30 de Novembro de 2008)

"FOME", de Knut Hamsun (1 a 31 de Dezembro de 2008)

"DIÁRIO 1941-1943", de Etty Hillesum (1 a 31 de Janeiro de 2009)

"NA PATAGÓNIA", de Bruce Chatwin (1 a 28 de Fevereiro de 2009)

"O DEUS DAS MOSCAS", de William Golding (1 a 31 de Março de 2009)

"O CÉU É DOS VIOLENTOS", de Flannery O´Connor (1 a 15 de Abril de 2009)

"O NÓ DO PROBLEMA", de Graham Greene (16 a 30 de Abril de 2009)

"APARIÇÃO", de Vergílio Ferreira (1 a 31 de Maio de 2009)

"AS VINHAS DA IRA", de John Steinbeck (1 a 30 de Junho de 2009)

"DEBAIXO DO VULCÃO", de Malcolm Lowry (1 a 31 de Julho de 2009)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2009)

POEMAS E CONTOS, de Edgar Allan Poe (1 a 30 de Setembro de 2009)

"POR FAVOR, NÃO MATEM A COTOVIA", de Harper Lee (1 a 31 de Outubro de 2009)

"A ORIGEM DAS ESPÉCIES", de Charles Darwin (1 a 30 de Novembro de 2009)

Primeira Viagem Temática BLOOMSDAY 2004

Primeira Saí­da de Campo TORMES 2004

Primeira Tertúlia Casa de 3 2005

Segundo Aniversário LP

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