Leitura Partilhada
quarta-feira, junho 30, 2004
  O prazer de ler Camilo
Presumo que o meu ponto de vista possa não ser agradável a camilianos. Por regra não me seduzem livros leves, caricaturais, moralistas romanticos. Por regra não me seduzem ferozmente os clássicos de oitocentos. Mas leio, e penso que vou ler cada vez mais.

Retiro prazer de leitura na memória que estes livros me fornecem - memória do que não vivi, mas que permanece de tantas formas no mundo actual. Algumas das características sociais retratadas são estruturais, e estão vivas ainda hoje. E o tom de paródia permite-nos reconhecer traços familiares, fazer a ponte para o presente. (E temer ainda mais o nosso futuro social?) Camilo não tratou bem a sociedade e o país. Mas terá feito uma observação justa.

Este livro guarda também alguma linguagem rural, para lá do rigoroso e clássico tratamento da língua. Reaviva vocábulos actualmente em desuso, grava as palavras. E que bom que é reencontrarmos palavras de vez em quando...



Leitora
 
  As faces de Camilo II: a novela satírica
"Há outro veio, quase tão rico como o primeiro (novela romântica), na obra de Camilo: a novela satírica, humorística, de crítica de costumes. Nesse género, a obra-prima é justamente A Queda dum Anjo.

- a agilidade do diálogo, a notação muito realista e simpática dos costumes e falas populares, a convincente fixação dos traços característicos das personagens e, sobretudo, a crença de que o ideal amoroso não pode ser conciliado com a prática social cotidiana

- enquanto na novela passional, a realidade se apresenta principalmente como entrave à realização dos desejos e o mundo se recobre de um sentido trágico em que cada acontecimento ou circunstância se reveste de valor simbólico, na novela satírica não há por sobre os acontecimentos nenhum véu, nem sob eles nenhum sentido transcendente: tudo se passa no nível dos interesses mais imediatos

- Isto é: quem fornece as directrizes da vida das personagens já não é o desejo amoroso, mas a injunção social; não é a paixão, mas o apetite.

Assim sucede em A queda dum anjo."

(fonte)

J.M.
 
  As faces de Camilo I: a novela de amor e paixão
Na obra novelística de Camilo, o veio mais conhecido é o da novela de amor e paixão. Nesse género, Amor de Perdição (1862) ocupa o lugar de obra-prima.

- concepção do amor como uma espécie de destino, de fatalidade, que domina e orienta e define a vida (e a morte) das personagens principais

- esse amor trará consigo sempre um equivalente de sofrimento e de infelicidade: ou porque a paixão se choca frontalmente com as necessidades do mundo social, ou porque significa, em última análise um desejo luciferino de recuperar o paraíso na terra

- caráter transcendente da paixão amorosa, que envolve um cortejo de sofrimentos: o remorso, a vertigem do abismo, a percepção de que o amor mais sublime é aquele que se apresenta e se revela, em última análise, como impossibilidade

- por isso, nas suas novelas sentimentais, desfilam tantos “mártires do amor”, tantos sofredores que, no sofrimento, encontram a razão de ser e o sentido mais profundo da sua vida.

(fonte)

J.M.
 
  Não gostei do final
Trocam de parceiro, têm muitos meninos e são ricos e felizes para sempre?! O anjo cai em desgraça mas tem uma conto de fadas alternativo?


Tendo todo o romance um forte cariz moralizador e de crítica, pareceu-me que este é um final de compromisso, a opção popular e de fidelização de um conjunto alargado de leitores. Um romance não poderia ser duro, pesado, e ainda assim ter sucesso? Provavelmente não.



Leitora

(descupa J.M. a colagem ao título de um post teu - aliás até tinha outro exactamente com as citações que o teu inclui... sintonia?)
 
 
- Segue-se que está liberal?

- Estou português do século XIX.


J.M.
 
 
«Mas viver é isto! Eu quero e preciso amar.»




Leitora
 
terça-feira, junho 29, 2004
  A queda
«Cairias tu nas pioses desta princesa dos mares, desta Lisboa que filtra aos nervos dos seus habitantes o fogo que lhe estua nas entranhas?

Cairias tu, anjo?»



Leitora
 
  As regras do enamoramento
«Os bons usos ordenam que o homem se declare à mulher que ama, depois que as impressões repetidas de vê-la e ouvi-la hajas desfalcado o vigor do sentimento. A praxe requer primeiro o êxtase, depois as sensaborias tartamudas, ultimamente a declaração, com intervalo de três meses ao êxtase.»



Leitora
 
  A fatalidade do amor
...

«As paixões do amor!... Nem os grandes sábiso, nem os grandes santos se isentaram delas. somos todos de quebraciço barro; somos uns pucarinhos de Estremoz nas mãos infantis das mulheres. O tributo é fatal: quem não o pagou aos vinte anos, há-de pagá-lo aos quarenta, e mais tarde, quando Deus quer... Deus ou o demónio, que eu não sei ao justo quem fiscaliza esses mal-aventurados sucessos de amor, que a história conta e a humanidade experimenta cada dia...»


Leitora
 
  «Os sintomas do amor,
em muitos indivíduos enfermos, confundem-se com os sintomas do idiotismo. É mister muito acume de vista e longa prática para discriminá-los.»


Cuidado, muito cuidado!



Leitora
 
  Apaixonar-se
«Foi neste instante que o morgado da Agra de Freimas sentiu no lado esquerdo do peito, entre a quarta e a quinta costela, um calor de ventosa, acompanhado de vibrações eléctricas, e vaporações cálidas, que lhe passaram à espinha dorsal, e daqui ao cérebro, e pouco depois a toda a cabeça, prupureando-lhe as maçãs de ambas as faces com o rubor mais virginal.»


Paixão súbita e electrizante...


Leitora
 
  Calisto Elói leitor - de Homero
- é romance?
- Romance ou fabulário de alta moral lhe havemos de chamar; não já romances de uns que, de oitava o sei, por aí empestam a sociedade. Na
Ilíada de Homero achei dois pares de casados: um é Páris, que se matrimoniou com Helena; o outro é Ulisses, que se casou com Penélope. Os primeiros, cobiçosos e voloptuários, cobriram a Grécia de calamidades; os segundos, prudentes e discretos, foram o modelo da tálamo ditoso.


Leitora
 
  Crítica Social III
"Vale a pena observar como o narrador, depois de conduzir o leitor a uma identificação com o protagonista e de mostrá-lo finalmente cometendo as mesmas faltas que antes censurara nos outros, se preocupa em manter a nossa simpatia pelo anjo que desceu ao chão, tornando-nos assim, de alguma forma, cúmplices de Calisto.

Por outro lado, atente-se para as provocações que o narrador faz ao leitor, ao prever as suas reações e desmontar alguns dos seus protocolos de leitura."

(fonte)

J.M.
 
  Crítica Social II
"Ambientado na vida citadina e bafejado pelo amor, Calisto transforma-se radicalmente. É durante o processo de transformação que passa a ganhar vulto, na novela, o segundo plano em que se exerce a ironia do narrador – por meio da manipulação muito hábil do ponto de vista e das expectativas de leitura – e a sua crítica a uma dada concepção da literatura e da sua função na sociedade moderna."

(fonte)

J.M.
 
  Crítica Social I
"Crítica da vida portuguesa da época da Regeneração: Calisto Elói, fidalgo, representante do velho Portugal, vai para Lisboa como deputado e passa a contrapor-se ao que julga serem os maus costumes do tempo.

É pelos seus olhos que o narrador vai mostrando ao leitor a miséria moral e intelectual do novo mundo político lisboeta, em que o liberalismo produz mau português e muito oportunismo."

(fonte)

J.M.
 
segunda-feira, junho 28, 2004
  Discursos Políticos I
Não sou homem de salvas e rodeios; digo as coisas à moda velha. Quero-me português como os do sujeito, verbo e caso no seu competente lugar. E, se assim não for, ir-me-ei com aquelas palavras que ouviu Arsénio: Fuge, quiesce et tace; «foge, sossega e não fales».



Leitora
 
  Calisto Elói no Parlamento
Galerias cheias. Muitas são as pessoas que querem ouvir Calisto Elói, o orador implacável. Não se fala de outra coisa nos salões e nas gazetas. Todos querem testemunhar aquela garra, aquele poder de palavra, e as suas teorias fantásticas.


Estranhamente, para admirar não é necessário respeitar. Calisto Elói é muito mais que o bobo da corte, é a personificação da revolta da província, do baralhar de poderes.


Mas não por muito tempo...


Leitora
 
  Calisto Elói na Ópera
«Calisto inteirou-se do enredo da ópera, e assistiu em convulsões ao espetáculo, que era a Lucrécia Bórgia. Saiu da plateia frio de horror e protestou, em presença de Deus e do abade, nunca mais contribuir com oito tostões para a exposição das chagas asquerosas da humanidade. Rompeu-lh então do imo peito esta exclamação sentida: Amici, noctem perditi! Melhor me fora estar lendo o meu Eurípides e Séneca, o trágico! Medeia não mata os filhos cantando, como a celerada Lucrécia! As devassidões postas em música dão bem a entender que geração esta é! Brinca-se com o crime, abafando-se os gemidos da humanidade com o estridor das trompas e dos zambumbas. É um tripúdio isto, amigo abade! Quem sai do seio da natureza rude, e de repente se acha à lavareda destes focos das grandes cidades, é que atina com a providencial filosofia destas tramóias de teatros!»


E isto é só o começo! Posteriormente, Calisto Elói ataca efusivamente os apoios estatais ao Teatro São Carlos. Quem diria que alguns meses depois, mudado, se renderia também a estas artes...


Leitora
 
  Rédeas ao luxo!
Tranquem-se as alfândegas às drogas estrangeiras. Carreguem-se de direitos as mercadorias que incitam o apetite e pervertem as condições melhormente morigeradas. Vistamo-nos do que podemos colher das nossas possessões, e do estofo que nossas fábricas podem dar. Sigam-se as leis velhas do último rei da dinastia de Avis. Coimem-se e castiguem-se os que venderem tecidos estrangeiros e os que os puserem em obra.

Lamentavelmente, isto cheira-me a alguma coisa não tão antiga quanto isso…

J.M.
 
  O homem, porém, que amanhece tolo aos quarenta e quarto anos, a mim me quer parecer que, ao entardecer-lhe a vida, a tolice refinará.
J.M.
 
 
Irá perder-se aquela alma tão portuguesa, aquele exemplar marido, aquele sacerdote e glorificador dos clássicos lusitanos?

Ó Lisboa!...
Ó mulheres!...


J.M.
 
  Lamentou que, em menos de três meses, o modelo do português dos bons tempos se baralhasse com os usos modernos e viciosos.
J.M.
 
domingo, junho 27, 2004
  Anatomia Nacional (sic)
«Os impostos é necessário pagá-los. Sem impostos não haveria rei nem professores de instrução primária (observem a modéstia da gradação!) nem tropa, nem anatomia nacional!»


Só o boticário estranhou a anatomia nacional proferida pelo mestre de escola. Fraco de memória, ignorante ou pedante? Mas o erro tem graça, oh se tem. E transposto para o presente, ainda mais: onde pára a nossa anatomia, aliás, autonomia?


Leitora
 
  O País Erudito
«Com estas zombarias é que em Portugal os sábios são premiados... Se Calisto fosse um parvo, o Governo dava-lhe um subsídio até ele achar o chafariz dos cavalos.»



Leitora
 
  Calisto depois
A minha vinda para Lisboa foi o ressurgimento da vida, sepultada antes de haver consciência de si.

Achei-me entre homens, aquecidos à luz deste século. Na atmosfera desta cidade há perfumes que vaporam do coração das esposas amadas, das amantes queridas, das pombas ideais, que volteiam à volta dos espíritos anelantes de cada homem.

Pulou-me como arfar de vulcões a vida no peito.

Vi-me no passado, e tive pesar, e saudade, e pejo da minha mocidade…


J.M.
 
  Camilo justifica poupanças nas descrições
«A pessoa de Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda foi em liteira, e chegou a Lisboa ao décimo dia de jornada, trabalhada de perigos, superiores à descrição de que somos capaz.

De propósito, saltamos por cima dos pormenores da partida, para não descrever o quadro lastimoso do apartamento de Calisto e Teodora.

O apartamento de Teodora e Calisto era título para dois capítulos de lágrimas.»



Não resiste a provocar os seus leitores, acenando pormenores prometedores e excusando-se a relatá-los. Por vezes tem mais impacto o que se sugere do que o que se mostra.


Leitora
 
  Duas enfermidades há aí cujos sintomas não descobrem as pessoas inexpertas: uma é o amor, a outra é a ténia.
J.M.
 
sábado, junho 26, 2004
  A simplicidade
Este é um livro simples. (deveria dizer aparentemente simples?) Construção linear, composto por 36 capítulos curtos e uma conclusão. Não sei se chegou a ser publicado em fascículos nos jornais da época, mas contém essa flexibilidade.

A linguagem é mais encorpada, mas o estilo cativante de audiências: a ironia, a crítica social, a caricatura.


Camilo era operário da escrita; contava histórias para alimentar a família, conseguindo simultaneamente divertir-se, provocar alguns conhecidos, e contribuir para a história e cultura portuguesas. é impossível não ver nestes retratos caricaturados os traços do país que ainda temos.


Leitora
 
  Calisto antes
Não sei o que é a felicidade.

Tenho quarenta e quatro anos, e ainda não vi uma aurora benigna.

Muitos anos procurei aturdir-me no estudo.

Roía-me o abutre de um desejo vago;
mas eu, que me segregara do mundo para o esconderijo da minha biblioteca, se às vezes passava de relance entre mulheres, que poderiam espertar-me paixões, fitava nelas como um idiota que perdeu a memória da terra natal, e se queda espantado das coisas que ligeiramente lhe espertaram a lembrança.

Se alguma vez me colheu de sobressalto algum sentimento estranho de afecto, podia tanto comigo a consciência da sujeição ao dever, que o mesmo era cerrar os ouvidos da alma ao que quer que era, entidade dupla, que me segredava delícias de uma vida incógnita.

Estas breves e poucas pelejas, com o discorrer dos anos, cessaram.

Eu tinha consumado a paralisia do coração, e chamado sobre mim os hábitos da velhice.


J.M.
 
 
Se a gente vai a rejeitar as relações das famílias, justa ou injustamente abocanhadas pela maledicência, a poucos passos não temos quem nos receba.

J.M.
 
  Natural coisa é que este sujeito, intangível às carícias do amor, seja severo e intolerante com as fragilidades do coração.
J.M.
 
 
Já o insigne autor dos Apólogos Dialogais disse que a imaginação era curral do conselho, onde, por não ter portas, todo o animal tinha entrada.

J.M.
 
sexta-feira, junho 25, 2004
  Quem é Calisto Elói?
Era legitimista quieto, calado, e incapaz de empecer a roda do progresso, contanto que o progresso não lhe entrasse em casa, nem o quisesse levar consigo.

Inofensiva criatura, queria que se venerasse o passado, a moral antiga como o monumento antigo. Se todos fossem como ele, a gente apodreceria na mais refastelada paz e supina ignorância do andamento da humanidade.

Um dia, encheu-se de brios, assim que alguém lhe mostrou as fauces do abismo escancaradas para tragarem Portugal, se os sábios e virtuosos não acudissem a salvar a Pátria moribunda.

Homem de vida pura e mente pura, discorreram anos, sem que o morgado tivesse de perguntar à sua consciência a explicação do mínimo alvoroto de sangue na presença de mulher estranha.

De sisuda fisionomia moral, é um facto que na cabeça alucinada de Calisto de Barbuda não havia ideia ignóbil e impúdica. Ele nunca experimentou, ele nunca foi posto à prova. A sua relação com o mundo era feita de conceitos aprendidos mas não compreendidos.

“- O coração, minha senhora, ninguém lá nos disse que era necessário à felicidade doméstica.” Parece mentira, mas é verdade… O homem, se não era um santo, propendia grandemente para a sensaboria do idiotismo.

J.M.
 
  A advertência
Já em 1873, aquando da segunda edição do romance, Camilo dirige-se aos seus leitores. Refere o seu objectivo moralizador, que terá ficado àquem das expectativas. E termina delineando o seu compromisso com os leitores (os seus patrões, o seu sustento, acrescentaria eu):


«Tudo se fará, porque tudo se deve ao público português tão pródigo de carícias e tesouros com quem o serve literariamente.»


Só depois de nos dizer isto é que Camilo nos apresenta o herói do conto.



Leitora
 
  A dedicatória
Confesso que gostei particularmente da primeira página do livro: uma carta e dedicatória ao amigo, Ilmo. e Ex.mo Sr. António Rodrigues Sampaio.

O autor que se ri do Portugal pequenino que tínhamos e continuamos a ter, ri-se também de si próprio, nomeando a sua falsa modéstia, e classificando a sua obra como livros futilíssimos.


139 anos depois, não estamos assim tão diferentes, pois não?



Leitora
 
  Caçarelhos
Caçarelhos foi o local escolhido por Camilo Castelo Branco para encontrar o personagem do seu livro, " A Queda dum Anjo", Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda, morgado da Agra de Freimas, nascido em Caçarelhos em 1815 e casado com a sua segunda prima, D. Teodora Barbuda de Figueiroa, morgada de Travanca.



Segundo alguns estudiosos, a povoação de Caçarelhos pode ter tido origem num castro, localizado no sítio de Castrilhouços. Cassarelhos (na Coreografia Portuguesa do padre Carvallho), Casarelhos (pequenas casas como as dos castros) ou Cazarelhos (no Promptuário das Terras de Portugal, 1680) parecem ter sido topónimos de Caçarelhos. Caçarelhos foi incendiada e saqueada em pleno período da Restauração, a 6 de Outubro de 1641, pelos castelhanos. Caçarelhos pertenceu ao Concelho de Miranda do Douro tendo sido integrado no de Vimioso com a reforma de 1853. (in: Vimioso, Notas Monográficas de Francisco Manuel Alves, Abade de Baçal).

(fonte)

J.M.
 
quinta-feira, junho 24, 2004
  Camilo Cárcere IV
Resume o CITI

A narrativa Memórias do Cárcere foi produzida numa época em que Camilo necessitava dos rendimentos da escrita para sobreviver e sustentar a mulher e os filhos. É uma obra composta de dois volumes, escritos em quarenta dias e editados em 1862, que retratam a vida de Camilo e de Ana Plácido na Cadeia da Relação do Porto.



Leitora
 
  Camilo Cárcere III
Já visitei várias vezes a famosa cela 12. Tentei fotografá-la, mas fui informada que é proibido fotografar o edifício que aloja o Centro de Fotografia... Se paciência para pedidos de autorização por escrito, tenho de me limitar às imagens disponíveis na net.


Vista das celas sobre a cidade:


Interior de Cela




O estado de preservação das celas é exemplar. As paredes belíssimas, e nas madeiras continuam marcados nomes e mensagens.


Leitora
 
  Camilo Cárcere II
Camilo Castelo Branco escreveu na Cadeia da Relação o romance Amor de Perdição, enquanto cumpria uma pena por adultério, depois de ter fugido com Ana Plácido.

Aliás, esse cenário é transposto para o romance. Logo na introdução, o autor reproduz o registro de prisão de Simão Botelho nas cadeias da Relação do Porto e antecipa o degredo do moço, aos 18 anos, em circunstância ligada a uma paixão juvenil, bem como o desenlace trágico da história, imagina a reação que tal história pode provocar: compaixão, choro, raiva, revolta.



Leitora
 
  Camilo Cárcere I
Camilo é indissociável da Cadeia da Relação do Porto, e da sua cela 12. Na história oficial desta cadeia, diz-se o seguinte:


É interessante supor Camilo Castelo Branco, de imaginação flamejante, a resmungar na sua cela n.º 12, como leão enjaulado, por ter cometido crime que, agora, já nem o é: relações sexuais com mulher casada. Só o adultério da mulher era punido. O homem casado podia impunemente relacionar-se com mulher que não fosse casada. Sendo-o, como era Ana Plácido, então poderia ser punido, com pena grave, extensível a ambos. Aguardaram, durante mais de um ano, presos o julgamento em que o júri não considerou provados os factos e, por isso, foi proferida sentença absolutória. No cárcere, Camilo continuou a escrever e, no silêncio do último piso, onde se situava a cela com janela para nascente - é a que se situa mesmo por baixo do ângulo esquerdo, de quem está virado para ele, do frontão -, o que mais o irritava era o barulhar ritmado e invariável dos passos do carcereiro sobre as tábuas rangentes do sobrado. De noite, nas longas lucubrações, convenceu-se de que o marido enganado, Pinheiro Alves, teria subornado um outro preso para o matar. Confidenciou esse temor a outro preso que também ali se mantinha, José do Telhado. Este sossegou-o, dizendo-lhe: "- Esteja descansado. Se aqui alguém tentasse contra a sua vida, três dias e três noites não chegariam para enterrar os mortos". Talvez a aura romântica que se havia de formar à volta do célebre salteador, emergisse também do reconhecimento do escritor pela protecção dispensada. Camilo encerrou o seu livro "Memórias do Cárcere", desabafando: "Fecham-se as memórias. Eu devia ter dito porque estive preso um ano e dezasseis dias. Não disse, nem digo, porque verdadeiramente ainda não sei porque foi." Claro que sabia. O que poderia não entender era o rigor dos preconceitos vitorianos da época, aos quais, afinal, surpreendentemente, o Tribunal se não vergou.


Leitora
 
  Casa Museu
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A casa chamada de Camilo foi construída por Pinheiro Alves, em 1830, quando regressou do Brasil, na posse de avultada fortuna. A 17 de Março de 1915, um violento incêndio devorou completa e inexplicavelmente a moradia. Formou-se uma Comissão de Homenagem ao Escritor que adquiriu em 17 de Abril de 1917, a Ana Rosa Correia e filhos, as ruínas e o quintal contíguo, bem como a livraria restante de Camilo, alguns autógrafos, correspondência de amigos e admiradores, mobiliário e objectos diversos.

Na reconstrução, a casa saíria muito adulterada, pois a instalação da escola primária da freguesia de Ceide no rés-do-chão e os requisitos técnicos a que para esse fim teve de obedecer, como a cubagem da sala de aula, alteraram-lhe certas características estruturais, em especial o pé direito e as janelas.



Concluídas as obras, a Comissão de Homenagem entregou á edilidade famalicense a casa reedificada, ficando esta responsável pelos encargos futuros das instituições ali fundadas: a Escola Primária e o Museu Camiliano.

(quarto de Camilo)

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J.M.
 
quarta-feira, junho 23, 2004
  Determinismo
As ideias de determinismo que encontramos em Camilo são produto da educação religiosa que teve, a cargo do Padre António de Azevedo. Nada se pode mudar, portanto, a única solução dos espíritos inconformistas é rebelarem-se, tendo como certa a punição divina. Por estar contra a ideia de determinismo, apesar de ter disso plena consciência, Camilo torna-se um rebelde, sabendo que vai ser punido. Alguns autores camilianos, entre eles Alexandre Cabral, referem que o escritor não percebeu que a punição estava, exclusivamente, nas suas mãos.

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J.M.
 
  Materialismo
Podemos ver que na novelística camiliana o tema central é o amor, no entanto, o sentimento amoroso vem sempre acompanhado do dinheiro, que enreda as pessoas, fazendo-as cair na sua teia. Denota-se, nas personagens de Camilo, uma preocupação de conquistar bens materiais. É um facto que vai degradar as personagens e desviá-las da felicidade, o seu maior ensejo.

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J.M.
 
  Realismo
O Realismo é um fenómeno cultural do século XIX. É por esta altura que se travam as primeiras lutas sociais, numa acção contra o capitalismo. O francês Balzac é considerado por muitos o fundador do Realismo na literatura. Em Portugal, esse papel é atribuído a Eça de Queirós ( no Romance). Para Teófilo Braga, este movimento que veio pôr fim ao Romantismo teve origem na célebre Questão Coimbrã.

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J.M.
 
  Ultra-Romantismo
Ultra-Romantismo é uma escola literária que teve origem na Questão Coimbrã e predominou entre 1838 e 1865.

Há quem designe este período como uma segunda fase do Romantismo. Pode dizer-se que é o Romantismo na Regeneração. Teófilo Braga foi o pioneiro na utilização do termo como «escola técnica da literatura portuguesa».

João de Lemos foi quem liderou o movimento ultra-romântico, que, apesar de boas intenções, não conseguiu mais do que «produzir uma poesia alienada e doce, inspirada em temas fúteis e divorciada das realidades sociais da época.»

A esta geração romântica pertencem nomes como: João de Lemos, Soares de Passos, Luís de Augusto Palmeirim Francisco Gomes de Amorim, Bulhão Pato, Tomás Ribeiro, Mendes Leal e Faustino Xavier de Novais.

(fonte)

J.M.
 
terça-feira, junho 22, 2004
  Suicídio
Camilo Castelo Branco pôs termo à vida com um tiro de revólver no dia 1 de Junho de 1890.

Desde a infância que a desgraça e a dor o atacavam, a começar pela orfandade aos poucos anos de vida. A própria vivência foi um saltitar de paixão em paixão, de desgosto em desgosto. Os maiores desgostos de Camilo talvez tenham sido a ganância dos familiares, os parcos recursos, as vidas frustradas dos filhos e, sobretudo, a cegueira (...).

De início, era contra o suicídio, mas a vivência conturbada foi-lhe mostrando que essa viria a ser a única saída.

Um conformismo suicida que se denota na carta de 28 de Abril de 1856, a José Barbosa e Silva: Foi muito grave o prognóstico da minha doença de olhos; mas hoje está averiguado que é efeito de venéreo inveterado. Sofro há 4 meses uma diplopia (vista dupla). É horrível para quem não tem outra distracção além da leitura. Tarde será o meu restabelecimento; mas, valham-me as esperanças de não cegar, porque isto importava um inevitável suicídio.

Em 1885, o que ainda o prendia à vida era o filho Nuno: Conto com pouca vida; e, se não a encurto, é porque me custa a deixar um filho que lucra alguma coisa com a minha vida. Mais nada.

É em 1887 que se prevê o acto como certo, tal é o teor da carta a Francisco Martins Sarmento, de 12 de Outubro: Eu bem queria poupar-me ao suicídio; mas desde os 18 anos que pressenti a necessidade dessa evasiva, sem me lembrar que a cegueira seria o impulsor justificadíssimo da catástrofe.

(fonte)

J.M.
 
  Pseudónimos de Camilo
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1849: O Cronista / Fouché / Ninguém / Saragoçano
1849/51: Anastácio das Lombrigas
1850/51: Carolina da Veiga Castelo Branco
1851: Anacleto dos Coentros
1852: AEIOUY / C.da Veiga / A Voz da Verdade
1853: Visconde de Qualquer Coisa
1854: O Antigo Juiz das Almas de Campanhã
1855: José Mendes Enxúdio / D. Rosária dos Cogumelos
1856/58: João Júnior
1858: Manuel Coco
1858/59: Modesto
1861: Felizardo
1887: Egresso Bernardo de Brito Júnior
Sem data: Arqui-Zero

(fonte)

J.M.
 
segunda-feira, junho 21, 2004
  Obra Camiliana IV - alguns títulos
Camilo Castelo Branco notabilizou-se com várias novelas, uma delas Amor de Perdição. É um dos maiores escritores portugueses do século XIX. Algumas obras: Os Pundonores Desagravados (poema satírico, 1845), O Juízo Final e O Sonho do Inferno (poema satírico, 1845), Agostinho de Ceuta (teatro, 1847), A Murraça (sátira, 1848), Maria, não me mates, que sou tua mãe (novela, 1848), O Marquês de Torres Novas (teatro, 1849), O Caleche (sátira, 1849), O Clero e o sr. Alexandre Herculano (polémica, 1850), Inspirações (poesia lírica, 1851), Anátema (novela, 1851), Mistérios de Lisboa (novela, 1854), Livro Negro de Padre Dinis (novela, 1855), Cenas Contemporâneas (1855), A Filha do Arcediago (novela, 1855), A Neta do Arcediago (novela, 1856), Onde está a felicidade? (novela, 1856), Um Homem de Brios (novela, 1857), Carlota Ângela (novela, 1858), O Que fazem Mulheres (novela, 1858), Cenas da Foz (novela, 1861), O Romance de um Homem Rico (novela, 1861), Amor de Perdição (novela, 1862), Coração, Cabeça e Estômago (novela, 1862), Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado (novela, 1863), O Bem e o Mal (novela, 1863), Amor de Salvação (novela, 1864), A Sereia (novela, 1865), A Queda dum Anjo (novela, 1866), O Judeu (novela, 1866), O Olho de Vidro (novela, 1866), A Bruxa de Monte Córdova (novela, 1867), A Doida do Candal (novela, 1867), O Retrato de Ricardina (novela, 1868), Os Brilhantes do Brasileiro (novela, 1869), A Mulher Fatal (novela, 1870), O Regicida (novela, 1874), A Filha do Regicida (novela, 1875), A Caveira do Mártir (novela, 1875), Eusébio Macário (novela, 1879), A Corja (novela, 1880), A Brasileira de Prazins (novela, 1883), etc.


Fonte: Vercial


Leitora
 
  Obra Camiliana III
Na Bibliografia activa (retirado de Dicionário de Camilo Castelo Branco, de Alexandre Cabral, pgs.65 a 67, Editorial Caminho, Lisboa, 1988, s/ed.) de Camilo Castelo Branco contam- se 137 títulos que correspondem a 180 volumes, assim distribuídos:

• A - Antologia 1
• B - Biografia 4
• C - Crítica 4
• D - Diversos 2
• E - Epistolografia 1
• H - História 3
• M - Miscelânea 18
• N - Narrativa 9
• P - Polémica 7
• R - Romance 54
• T - Teatro 12
• V - Versos 22

(fonte)

J.M.
 
  Obra Camiliana II
A bibliografia camiliana é de uma extensão impressionante.

A vivência do profissional das letras serviu de mote para os enredos das suas produções literárias, para a evolução da novela camiliana.

Na escrita de Camilo estão presentes profundas contradições, oscilantes entre um idealismo e um materialismo, que se reflectem por um sarcasmo, por uma acutilante crítica aos costumes e comportamentos da sociedade da época. Há, ainda, a forte presença de um determinismo implacável.

A nível de corrente literária, Camilo integra-se no Ultra-Romantismo, contudo, desde o início da sua carreira que tem um pendor realista, patente na importância que o dinheiro tem para as personagens, como garante da sobrevivência humana, e como forma de reconhecimento social. A visão realista camiliana é fruto da sua experiência de vida, sobretudo com a morte de seu pai.

Camilo é um homem multifacetado, que escreve para sobreviver. Ao longo da sua carreira literária utiliza vários pseudónimos.

(fonte)

J.M.
 
  Obra Camiliana I


Camiliana: Conjunto de livros escritos por ou sobre Camilo Castelo Branco

(in "Dicionário técnico de termos alfarrabísticos, Paulo G. Ferreira)

J.M.
 
sábado, junho 19, 2004
  Camilo Castelo Branco (1825-1890) - Biografia
Camilo Castelo Branco foi bibliógrafo, biógrafo, comediógrafo, crítico, cronista, dramaturgo, filósofo, historiador, jornalista, linhagista, novelista, romancista, poeta, polemista, prefaciador e tradutor. Começou no jornalismo, mas a actividade em que se consagrou foi, sem dúvida alguma, a de produtor literário.



Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco nasceu em Lisboa a 16 de Março de 1825, na freguesia dos Mártires, num prédio da Rua da Rosa, actualmente com os nºos 5 a 13.



Camilo foi registado como filho de mãe incógnita, pelo que se diz, porque o seu pai e a sua avó não queriam que o nome Castelo Branco estivesse envolvido com alguém de tão humilde condição.

A morte do pai obrigou-o a ir viver para Trás-os-Montes. Como era uma criança sensível e muito inteligente, vai sofrer grandes perturbações com todos os acontecimentos da sua infância.

Ao longo da sua existência revelou-se um falhado nos estudos e nos amores.

As vicissitudes da vida fazem-lhe despoletar a ideia de que a fatalidade e a desgraça são destinos a que não pode escapar.

Foi um profissional das letras multifacetado, cuja obra o posicionou com uma das figuras mais eminentes da literatura portuguesa.

Suicidou-se a 1 de Junho de 1890, na freguesia de Ceide, Vila Nova de Famalicão.

(fonte)

J.M.
 
sexta-feira, junho 18, 2004
 
"Mas foi maravilhoso."

Troti
 
 
“E assim voa o tempo.”

Troti
 
  Ressacas
Ah, vivas ao ULYSSES!

Vivas a Dublin!


Feliz Bloomsday centenário.


Confirma-se: os livros são capazes de tocar as pessoas, de as fazer viajar das mais diversas formas.


Somos todos um pouco loucos.

Se subitamente todos nós fôssemos outras pessoas quaisquer.


Leitora
 
quinta-feira, junho 17, 2004
  A surpresa
Estar no meio da festa. Centenas de pessoas pela rua, reunidas em torno de Joyce e do seu livro.

Somos todos loucos.


Encontrei casualmente Joyce, trocamos um sorriso. Nao lhe cheguei a dizer como estava feliz por o encontrar, e como gosto do seu livro. Mas também não era necessário dizer nada.


Leitora
 
 
"Sempre a passar, a corrente da vida, aquilo que na corrente da vida procuramos é-nos mais querido que tuuudo o mais."


Troti
 
 
“...a vida é sempre algo em que pensar em cada momento e ver tudo à volta como um mundo novo...”


Troti
 
 
“Ulisses”. Com ele sentimos os ventos, apanhamos as migalhas, navegamos nas ondas, esprememos os sucos. E, mais do que tudo, vivemos.


Troti

 
  Ler ULYSSES em português nas ruas de Dublin
No Bloomsday há a tradição de ler o ULYSSES nas ruas de Dublin. De fazer o roteiro de Bloom pelas ruas do centro da cidade, como está descrito no livro. De ir ao bar, à biblioteca, à estação dos correios, à torre e aos demais locais imortalizados por Joyce.

Estou certa que não me vai apetecer fazer isso. Não vou querer andar nos apertos, esperar indefinidamente pela minha vez para entrar. Mas quero andar pelas ruas. Ver os loucos que recitam o ULYSSES, não prestar grande atenção aos sósias de Molly e companhia que se passeiam por todos os lados - prefiro as imagens que o livro me criou. Mais do que o espetáculo, interessam-me os movimentos e as pessoas. Mas levarei comigo um livro em português, para ficar em Dublin, naquelas ruas.


Tendo-se debatido tanto os méritos e defeitos das traduções, pode parecer um contra-senso. Mas assim o farei. Se me der na telha, leio uma passagem em voz alta. Mesmo que quase ninguém me entenda. Mesmo que me considerem um tanto louca. Afinal, eu li este livro. E gostei, gostei muito.


Leitora
 
 
Não chego a despertar, não tenho a certeza de ter dormido. Olho uma vez mais o livro, tento compreender o que me prende a ele, a este livro feio de capa azul e verde, que é tantas vezes grosseiro e bruto e cru, e outras suave e delicado. E penso que é um livro como é um homem: o homem com quem se partilha a cama, a roupa suja, as lâminas, o cinema; um homem a transpirar realidade e a preencher fantasias, um homem irredutível que escapa sempre ao entendimento e a quem às vezes se odeia e ainda assim se escolhe amar.
nastenka-d
 
 
Deambulei pela cidade todo o dia, sob o sol; deixei fragmentos de texto escondidos pelas pedras, perto do rio, na muralha; saltei de rocha em rocha pela praia, procurando Sandymount; e juntei fios separados para tecer uma rede. Agora acendo uma fogueira bem alta (será que a vêem aí em Dublin? Em Belo Horizonte?) Quem passa olha-me com estranheza, falta uma semana ainda para a cidade se inundar de fogo e gente; e eu ergo-me no Porto e abro a última página do livro e em voz alta leio: ...e eu pensei tanto faz ele como outro e depois pedi-lhe com os olhos para pedir outra vez sim e depois ele pediu-me se eu queria sim dizer sim minha flor da montanha e primeiro pus os braços à volta dele sim e puxei-o para baixo para mim para que pudesse sentir os meus seios todos perfume sim e o coração batia-lhe como louco e sim eu disse sim eu quero Sim.

nastenka-d
 
  Penélope
...eu gosto de flores encantar-me-ia ter a casa a nadar em rosas Deus do céu não há nada como a natureza as montanhas selvagens e depois o mar e as ondas a enrolarem-se e depois o campo tão bonito com os prados de aveia e trigo e toda a espécie de coisas e todo o bom gado que até faz desvanecer a alma só de vê-los rios e lagos e flores de todas as espécies e formas e cheiros e cores saindo dos regos de água primaveras e violetas...

nastenka-d
 
 
"O pensamento é o pensamento do pensamento. Luminosidade tranquila. A alma, de certa maneira, é tudo o que é: a alma é a forma das formas. Súbita tranquilidade, vasta, incandescente: forma das formas."


Troti
 
  Ítaca
Que jogo de forças, induzindo inércia, tornava a partida indesejável?

O tardio da hora, produzindo procastinação: a obscuridade da noite, produzindo invisibilidade: a incerteza dos caminhos, produzindo perigo: a necessidade de repouso, evitando o movimento: a proximidade de um leito ocupado, evitando a busca: a previsão do calor (humano) temperado por frescura (dos linhos), evitando o desejo e produzindo desejabilidade: a estátua de Narciso, som sem eco, desejado desejo.


nastenka-d
 
  Eumaeus
A arrogante Inglaterra estava já a ir-se abaixo e o seu desastre seria a Irlanda, o seu calcanhar de Aquiles, que ele lhes explicou que era o ponto vulnerável de Aquiles, o herói grego, um ponto que os seus ouvintes imediatamente captaram, já que lhes prendera completamente a atenção, mostrando-lhes o referido tendão na sua bota. O seu conselho a todos os irlandeses era: ficar na terra onde nasceram e trabalhar pela Irlanda e viver para a Irlanda. Como Parnell disse, a Irlanda não pode dispensar um único dos seus filhos.

nastenka-d
 
 
 
  Circe
Sim. Tu levaste-me, emoldurada em carvalho e lantejoulas e puseste-me sobre o teu leito matrimonial. Às escondidas, num entardecer de Verão, beijaste-me em quatro sítios. E com um belo lápis sombreaste os meus olhos, o meu seio e as minhas vergonhas.

nastenka-d
 
quarta-feira, junho 16, 2004
  Bois do Sol
Por isso, ó homem, contempla esse último fim que é a tua morte e o pó que se prende a todos os que nascem de mulher pois tal como ele nu veio do ventre de sua mãe, nu irá por fim tal e qual como veio.

nastenka-d
 
 
"Maré alta na barra de Dublin"


Troti
 
  Nausícaa
De bom grado lhe teria gritado com voz sufocada, estender-lhe os braços níveos e delicados para que viesse, para sentir os seus lábios na fronte branca, o grito de amor de uma donzela, um grito estrangulado, dela arrancado, esse grito que pelos séculos corre. E então subiu um foguete e estoirou num estampido cego e Oh, então a vela romana rebentou e era como um suspiro, Oh, toda a geb«nte gritou Oh, Oh, em arrebatamento e soltou-se uma torrente de cabelos de ouro em cascata e dispersaram-se e Ah, eram como estrelas de orvalho verde tombando douradas. Oh, que belo, Oh, suave, doce, suave.

nastenka-d
 
  Em que é que Joyce alterou as minhas expectativas?
Dublin ou Irlanda. Agora penso nelas sempre indissociáveis de Joyce, Stephen e Bloom. Antes de pousar pé em Dublin, penso que não alterou nada. Mas, pensando melhor... espero ver um braço branco e sedoso de uma janela. Cães assustadores e dóceis num Pub. Um marinheiro a lembrar fantasias de pirata. Um padre a atravessar o jardim, e a voluntariar uns miúdos para entregarem uma carta. Outros miúdos a vender jornais, repetindo a manchete em gritos.

Como será possível que passe indiferente por um talho ou por uma padaria?



Leitora
 
  Bloomsday - Image Gallery
.
(Eccles St.)









Quando este post for publicado, espero estar lá, a olhar para eles.
J.M.
 
  Cíclope
Assim disse e depois levantou nas suas rudes, grandes, robustas mãos o copázio da escura, forte, espumante cerveja e, lançando o grito tribal Lamh Dearg Abu, bebeu à desgraça dos seus inimigos, raça de poderosos e valorosos heróis, senhores das ondas, que se sentam em tronos de alabastro, silenciosos como deuses imortais.

nastenka-d
 
  Sereias
Miolos excitados, rosto tocado rosto tocado pelo rubor, escutaram sentindo essa torrente sedutora, torrente sobre a pele, membros, coração humano, alma, espinha.

nastenka-d
 
  Na Espuma dos Dias
...
nastenka-d
 
  Na Natureza do Mal
...
nastenka-d
 
  Pedras Errantes
O zumbido de bater de asas das correias de couro e o zunir de dínamos da central eléctrica impeliram Stephen para diante. Seres sem ser. Alto! Sempre um latejar exterior a ti e um latejar dentro de ti. O teu coração, que tu cantas. Eu entre eles. Onde? Entre dois mundos atroadores onde eles rodopiam, eu. Esmagá-los, um e ambos. Mas atordoar-me também no golpe. Esmaga-me tu, que podes. Alcoviteira e magarefe eram as palavras. Ouvi! Não ainda por enquanto. Um olhar à volta.

nastenka-d
 
  Pode um livro mudar-nos
?
nastenka-d
 
  Parabéns!
 
  Cila e Caríbdis
Pensamentos sepultados à minha volta, em sarcófagos, embalsamados com especiarias de palavras. Thot, o deus das bibliotecas, um deus-pássaro, coroado de luas. E ouvi a voz desse sumo-sacerdote egípcio: Em câmaras pintadas cheias de livros de ladrilhos.

nastenka-d
 
  Lestrigões
Traz as meias a cair sobre os calcanhares. Detesto isso: coisa sem gosto. Essas pessoas etéreas e literárias são todas. Sonhadoras, nebulosas, simbolistas. Os estetas são assim. Não me surpreenderia que fosse esse género de comida que produz o poético como ondas do cérebro. Por exemplo, um desses polícias que transpiram estufado irlandês pelas camisas, não se lhes poderia espremer nem um verso. Nem sequer sabem o que é a poesia. Tem de se estar num certo estado de espírito.

nastenka-d
 
 
"Tudo, no mundo, existe para acabar num livro."
Mallarmé


Troti
 
  Eólo
Boca, mouca. É de algum modo a boca mouca? Ou a mouca uma boca? Alguma coisa deve ser. Mouca, pouca, oca, rouca, louca. Rimas: dois homens vestidos da mesma maneira, iguais, de dois em dois.

nastenka-d
 
  James Joyce e Dublin


James Joyce called Dublin the "center of paralysis," and complained in a letter:

"How sick, sick, sick I am of Dublin! It is the city of failure, of rancor and of unhappiness. I long to be out of it." (22 August 1909)

He spent the last thirty years of his life in exile, settling for periods in Trieste, Rome, Zurich, Paris—anywhere but Dublin.

It is a much remarked-upon irony that his masterpiece Ulysses is not only set in Dublin, but never allows us to forget it. The novel recounts the hour-by-hour events of one day in Dublin—June 16, 1904—as an ordinary Dubliner, Leopold Bloom, wends his way through the urban landscape, the odyssey of a modern-day Ulysses.

Streets, shops, pubs, churches, bridges—something of Dublin pops up on nearly every page. The city is always in our peripheral vision no matter how notoriously impenetrable Joyce's prose becomes.

(http://www.infoplease.com/spot/bloomsday.html)

J.M.
 
  No Quartzo...
A «grande efeméride do dia».

nastenka-d
 
  Bloomsday


June 16th is an annual celebration among Joyce fans throughout the world, from Fort Lauderdale to Melbourne. It is celebrated in at least sixty countries worldwide, but nowhere so imaginatively, of course, as in Dublin. There the events of Leopold Bloom's day are reenacted by anyone who cares to participate, and his itinerary is followed all across Dublin.

At lunchtime it's traditional to stop off for a glass of burgundy and a Gorgonzola sandwich at Davy Byrne's Pub on Duke Street, just as Bloom did. In the afternoon the Ormond Hotel is the spot for an afternoon pint, where Bloom was tempted by the barmaids in the Sirens chapter.

The years since 1904 have made an exact replication of Bloom's route impossible—Bloom's home at 7 Eccles Street no longer exists and the red-light district ("Nighttown"), in which the hallucinatory Circe chapter takes place, has been leveled; only the street pattern remains.

Bloomsday celebrations also feature readings of Ulysses, James Joyce lookalike contests, various other semi-literary activities, and a good excuse for hoisting a few Guinnesses. In the eyes of many, it's easier and a lot more fun than trying to work your way through Ulysses.

(http://www.infoplease.com/spot/bloomsday.html)

J.M.
 
  No jornal
(não, não é de Eólo que falo)
um artigo sobre o Bloomsday, no Publico de hoje.

nastenka-d
 
  Hades
A tarde do inquérito. A garrafa de rótulo vermelho sobre a mesa. O quarto de hotel com gravuras de caça.. Estava abafadiço. A luz do sol através das tabuinhas das persianas. As orelhas do magistrado, grandes e cabeludas. O engraxador a prestar declarações. Pensou primeiro que ele estava a dormir. Depois viu-lhe traços amarelos no rosto. Tinha escorregado para os pés da cama. Veredicto: dose excessiva. Morte acidental. A carta. Para o meu filho Leopold.

nastenka-d
 
  Proteu
Um olhar de soslaio ao meu chapéu de Hamlet. E se eu ficasse subitamente nu, aqui onde estou sentado? Não estou. Através das areias de todo o mundo, seguida pela espada flamejante do sol, para o ocidente, emigrando para terras do poente. Ela caminha penosamente, arrasta, puxa, leva de rojo, trascina a sua carga. Uma maré ocidentalizante, puxada pela lua, na sua esteira. Marés, de miríades de ilhas, dentro dela, sangue não meu, cinopa ponton, um mar de vinho escuro. Olhai a serva da lua. No sono, o signo líquido marca-lha a hora, ordena-lhe que se levante. Leito de núpcias, cama de parto, cama de morte, com círios espectrais. Omnis caro ad te veniet. Ele vem, pálido vampiro, por tempestades seus olhos, as asas de morcego a ensanguentar o mar, boca contra o beijo dela.
 
 
 
  Em voz alta



" Palavras lidas em brancas vagas a brilhar na esbatida maré."


Ouve-se "Ulisses" por toda a cidade.


Troti
 
  Comedores de Lótus
Um comboio que chegava matraqueou pesadamente sobre a sua cabeça, vagão após vagão. Os barris chocavam-se-lhe dentro da cabeça: opaca cerveja transbordava e espumava. Os batoques salataram e uma enorme inundação opaca vazou-se, fluindo em conjunto, serpentenado por charcos de lama sobre a terra rasa, um lento remoinho de bebida levando consigo as flores de largas pétalas da sua espuma.

nastenka-d
 
  Nestor
- Sou mais feliz do que você - disse ele. - Cometemos muitos erros e muitos pecados. Foi uma mulher quem trouxe o pecado ao mundo. Por uma mulher que não era melhor do que deveria ser, Helena, a fugitiva esposa de Menelau, por dez anos fizeram os gregos a guerra em Tróia. Uma esposa infiel foi quem primeiro trouxe estrangeiros às nossas praias, a mulher de MacMurrough e o seu amante, O'Rourke, príncipe de Breffni. Foi uma mulher também que abateu Parnell. Muitos erros, muitos desaires, mas não o único pecado. Sou um lutador, agora, no fim dos meus dias. Mas lutarei pela justiça até ao fim.
 
  Calipso
Não, assim não. Uma terra estéril, um deserto ermo. Lago vulcânico, o mar morto: nem peixe, nem algas, afundado no mais profundo da terra. Não há vento que pudesse levantar essas ondas, metal cinzento, venenosas águas de bruma. Enxofre era o que chamavam à chuva que caía: as cidades da planície: Sodoma, Gomorra, Edom. Tudo nomes mortos. Um mar morto numa terra maorta, conzenta e velha. Velha agora. Gerou a mais velha raça, a primeira. Uma bruxa curvada cruzou do Cassidy, agarrando pelo gargalo uma garrafa de três quartilhos. O povo mais velho. Ido, a vaguear, longinquamente sobre toda a terra, de cativeiro em cativeiro, multiplicando-se, morrendo, nascendo em toda a parte. E ali jazia agora. Agora já não podia gerar.

nastenka-d
 
  Telémaco
Uma nuvem começou a cobrir o sol lentamente, por inteiro, sombreando a baía em verde mais profundo. Jazia atrás dele uma taça de águas amargas. A canção de Fergus: cantei-a sozinho, em casa, sustendo os longos, escuros acordes. Ela tinha a porta aberta: gostava de ouvir a minha música. Silencioso, com respeito e mágoa, aproximei-me da sua cama. Ela chorava no leito miserável. Por essas palavras, Stephen: o amargo mistério do amor.

nastenka-d
 
 
"Obrigado. Que grandes estamos esta manhã."

Troti
 
  Surpresas
Depois da fantástica aventura que foi conhecer o "Ulisses", a Leitura Partilhada não podia faltar às comemorações do centenário do Bloomnsday em Dublin. É que, para dizer a verdade, nós vivemos intensamente a experiência de ler esta obra. Foram vários meses de forte partilha e de muito entusiasmo. E, como dizia Oscar Wilde "Resistimos a tudo menos a uma tentação". Foi mesmo uma tentação e cá estamos de armas e bagagens para viver em pleno este dia 16 de Junho de 2004.

Aqui fica um panorama das festividades a que nos vamos aventurar:

GUINESS BLOOMSDAY BREAKFAST

Leopold Bloom relishes the inner organs of beasts and fowls in the opening of Episode 4 of Ulysses. On Bloomsday, Joyce enthusiasts around the world partake of a similar breakfast. The James Joyce Centre will host its traditional Bloomsday Breakfast accompanied by street theatre, music, song, and dramatic readings.






PARABLE OF THE PLUMS

Conceived by Diddlum Club and the James Joyce Centre

‘The Parable of the Plums’, from the Aeolus chapter of Ulysses, tells of two elderly Dublin women who climb Nelson’s Pillar and spit plum stones on the citizens below. It is this moment, this scene, which provides the loose narrative of the evening’s free event, consisting of three parades converging with their audiences around The Spire of Dublin. Parade performers mingle with actors and musicians to create a spectacular hour-long event -- a heady mix of extraordinary masks, costumes, giant puppets, percussion, fire, circus tricksters, street-performers, and a medley of sights and sounds from 1904 Dublin.



Entre o pequeno almoço e a parada podemos acompanhar os movimentos de Bloom ao longo da cidade. Estamos com uma dúvida. Será que vamos comer rim ao pequeno almoço?



BALLOONATICS CENTENARY BLOOMSDAY


Presented with the authorisation of the Estate of James Joyce.

On location readings and performances by Balloonatics to celebrate the centenary of the day on which James Joyce’s hilarious modern epic Ulysses is set.

_____________________________________________________________________________

8:00 am BLOOM’S MORNING WALK

Meet at The Snug, Eccles Street/ corner of Upper Dorset Street.
The odyssey begins. Start your Bloomsday on location with Leopold Bloom
as he buys a kidney and prepares breakfast.

______________________________________________________________________

9:30 am INTO THE LAND OF THE LOTUS

Meet at Westland Row, under the railway bridge.
Bloom collects a secret letter, attends a church service and picks up some lotions.
The ‘Lotus-Eaters’ benefits enormously from visiting the locations in which the episode is set.

______________________________________________________________________

12:30 pm DAVY BYRNE’S, MORAL PUB

Meet at the Joyce Statue on North Earl Street.
The tour runs via Davy Byrne’s, Duke Street, to the National Museum, Kildare Street.
Join Bloom as he crosses the heart of the city in search of a decent eating place.
Walking tour based on the ‘Lestrygonians’ chapter of Ulysses.

______________________________________________________________________

3:00 pm – 5:00 pm WHAT ORMOND? BEST VALUE IN DUBLIN

At the Ormond Hotel, Ormond Quay

In the Ormond Hotel Bloom takes refuge while Boylan sets off for his assignation with
Bloom’s wife, Molly. This year, the programme for this famous Bloomsday venue has
been specially extended. Expect some surprises.




Surpresas, é exactamente o que nós queremos!


Troti
 
  "Bloomsday"
For millions of people, June 16 is an extraordinary day. On that day in 1904, Stephen Dedalus and Leopold Bloom each took their epic journeys through Dublin in James Joyce's Ulysses, the world's most highly acclaimed modern novel. “Bloomsday”, as it is now known, has become a tradition for Joyce enthusiasts all over the world. From Tokyo to Sydney, San Francisco to Buffalo, Trieste to Paris, dozens of cities around the globe hold their own Bloomsday festivities. The celebrations usually include readings as well as staged re-enactments and street-side improvisations of scenes from the story. Nowhere is Bloomsday more rollicking and exuberant than Dublin, home of Molly and Leopold Bloom, Stephen Dedalus, Buck Mulligan, Gerty McDowell and James Joyce himself.Here, the art of Ulysses becomes the daily life of hundreds of Dubliners and the city Joyce captured the soul of Dublin in all its gritty glory and immortalized it in Ulysses.

http://www.rejoycedublin2004.com/events/default.asp


Troti
 
 
16 de Junho de 1904

"Era um dia encantador..."
........

16 de Junho de 2004


É UM DIA PROMETEDOR....


Troti
 
 
" O entardecer de Verão tinha começado a estreitar o mundo no seu misterioso abraço. Lá longe, no ocidente, o sol estava a pôr-se e o último resplandecer de todo o também efémero dia detinha-se amorosamente no mar e na areia."

Troti
 
  REJOYCE!
Informação de DUBLIN TOURISM:

ReJoyce Dublin 2004 celebrates the centenary of Bloomsday, the day on which James Joyce's masterpiece "Ulysses" is set.

Ireland is planning a world-class, five-month festival lasting from 1 April 2004 to 31 August 2004.

Everyone from literary neophytes to Joyce scholars will find a range of programmes suited to their interests. In addition to a number of spectacular exhibitions and events, street theatre, music programmes, and family fun will fill the city for everyone to enjoy.







Estando Joyce em Belo Horizonte, tentaremos fazer aqui um relato do que se vai passar, quer no Porto, quer em Dublin.


Leitora
 
  Yes
Yes porque nós nunca tínhamos feito semelhante coisa como ir atrás de um livro assim completamente estamos em Dublin yes


Troti
 
 


"Ulisses", o livro que nos trouxe a esta experiência limite de viver os acontecimentos da memória.

Troti
 
 
 
terça-feira, junho 15, 2004
 
No "confronto" da Marquesa com o padre são demonstrados alguns aspectos do relacionamento da sociedade com a Igreja/Deus. O modo como a marquesa trata a visita do padre, imaginando que dar-lhe uma quantia qualquer o mandaria embora. Os ricos só pertencem aos padres quando sofrem; e os pobres os pertencem porque sofrem todo o tempo?
E, se com a religião também há uma relação maquinal, assim como a do casamento, dê alguma coisa, receba outra - uma das partes com mais obrigações, ela contém todos os erros do casamento. Preenchida de hipocrisia e superficialidades; na história há casos de amor verdadeiro - e o que seria um fé verdadeira?

theblackmage
 
  As Pinturas Negras de Goya III
Asmódea (1820/23) es la imagen más enigmática de las Pinturas Negras que realizó Goya para su Quinta del sordo; en ella vemos a dos figuras volando que señalan a un peñón. Dos soldados parecen apuntar hacia ellas, mientras un grupo de jinetes a caballo intenta tomar la peña.



Posiblemente el pintor haga una referencia a la situación política tan tensa que vive España en los momentos en que fue pintada. El colorido usado por el maestro en esta escena la hace de las más interesantes de la serie; los tonos son aplicados, como en las demás imágenes, a través de largas pinceladas, utilizando la espátula, la cuchara y hasta sus propias manos.

(http://www.artehistoria.com/frames.htm?http://www.artehistoria.com/genios/pintores/1369.htm)

J.M.
 
  As Pinturas Negras de Goya II
Parcas (1820-23): las Pinturas Negras más enigmáticas sin una relación interna aparente. En la escena vemos representadas a las Tres Parcas: Atropos, a la derecha, con sus tijeras era la encargada de cortar el hilo de la vida; Cloto, a la izquierda, porta una especie de figurilla que podría simbolizar el alma; en el centro aparece Laquesis que mira a un objeto identificado como una lente o un espejo, símbolo de lo transitorio. La cuarta figura con las manos atadas a la espalda sería posiblemente el ser humano que es llevado por las Parcas a su destino, a la muerte.



Sin duda, el tema de la muerte suponía una de las obsesiones de Goya, ya anciano, continuamente enfermo y cansado de vivir.El colorido es más claro en el paisaje, dando una aspecto fantasmagórico a la escena. Como en sus compañeras, la pincelada es rápida y vigorosa, aplicada con enorme violencia.

(http://www.artehistoria.com/frames.htm?http://www.artehistoria.com/genios/pintores/1369.htm)

J.M.
 
  As Pinturas Negras de Goya I
… Goya inicia un periodo de aislamiento y amargura con sucesivas enfermedades que le obligarán a recluirse en la Quinta del Sordo, en la que realizará su obra suprema: las Pinturas Negras, en las que recoge sus miedos, sus fantasmas, su locura.

Duelo a Garrotazos (1820/23) es la más popular de las Pinturas Negras realizadas por Goya para decorar las salas principales de la Quinta del Sordo, donde vivió, desde 1819 hasta 1824.



En la escena vemos a dos hombres, enterrados hasta las rodillas, que luchan a bastonazos. El Duelo a garrotazos siempre ha sido considerado como un enfrentamiento fratricida, aludiendo a las guerras civiles españolas, aunque se puede extender a la violencia innata del ser humano que tanto criticaba la Ilustración. Por lo tanto, sería la imagen más real y cruel de las Pinturas Negras, donde se elimina todo elemento fantástico. Es una de las más coloristas de la serie, lo que puede ser interpretado como un rayo de esperanza y de vida tras el final de la violencia.

(http://www.artehistoria.com/frames.htm?http://www.artehistoria.com/genios/pintores/1369.htm)

J.M.
 
 
"Na verdade, por vezes um gesto provoca todo um drama, o tom de uma palavra dilacera toda uma vida, a indiferença de um olhar mata a mais feliz das paixões."


Troti
 
 
"A fisionomia das mulheres só começa aos trinta anos."


Troti
 
 
"Certos rostos humanos são despóticas imagens que nos falam, nos interrogam, que respondem aos nossos mais secretos pensamentos, e fazem até poemas inteiros. O rosto glacial da Sr.º de Aiglemont era uma dessas poesias terríveis, uma dessaas faces que se vêem por milhares na "Divina Comédia" de Dante Alighieri.
...
Aquele rosto denunciava uma tempestade calma e fria, um combate secreto entre o heroísmo da dor materna e a doença dos nossos sentimentos, finitos como nós próprios e nos quais nada se encontra de infinito. Esses sofrimentos, reprimidos sem cessar, tinham produzido, com o tempo, não sei quê de mórbido naquela mulher."


Troti
 
segunda-feira, junho 14, 2004
  Beijos
«Os beijos de uma mulher sincera possuem uma doçura divina que parece pôr nessa carícia uma alma, um fogo subtil que penetra o coração. Os beijos despidos dessa unção saborosa são ásperos e secos.»


Presumo que o que possa ser válido para beijos de mulheres também o seja para os de homens. Ou não?


Leitora

 
 
Até essa idade, o pintor não encontra nos seus rostos mais do que tons róseos e brancos, sorrisos e expressões que repetem um mesmo pensamento, pensamento de juventude e de amor, pensamento uniforme e sem profundidade; mas, na velhice, tudo falou já na mulher, as paixões estão impressas na sua face - foi amante, esposa, mãe; as mais violentas expressões de alegria e de dor aacabaram por lhe marcar e torturar o rosto, para ali se tatuarem em mil rugas, cada uma delas com a sua história. E a cara de uma mulher torna-se então sublime de horror, bela de melancolia ou magnífica de tranquilidade.

nastenka-d
 
  A fisionomia das mulheres só nasce verdadeiramente aos 30 anos.
J.M.
 
domingo, junho 13, 2004
  Morrer de Amor
Não seria essa a morte mais venerada, para lá de morrer em defesa da pátria?

Assim era no século XIX... Hoje não será um pouco diferente? Será ainda possível morrer de amor?


Leitora
 
  Piratas?
Não me queria acreditar, mas estava lá, assim escrito, como acontece apenas nos livros de aventuras: umm navio de piratas, um salvamento in extremis, e tudo aquilo que, cento e cinquenta anos depois, me parece completamente inverosímel. No entanto, foi com estas histórias que aprendi a ler. A gostar de ler. Por isso é preciso antes de tudo despirmo-nos do cinismo de quem já leu e viu muitas coisas; sem esse regresso a uma condição quase natural dificilmente se poderá evitar a sensação de estar a ser levada.
nastenka-d
 
sábado, junho 12, 2004
  Fotos do Loire
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Balzac dá qualidades distintas aos dois sexos e às idades: há coisas que só certa pessoa em certa condição consegue entender. Ou aprender - como as técnicas sociais. E considera inato na mulher coisas que, pra mim, vem tão somente da educação que recebem.

No prefácio do livro que peguei fala-se muito sobre o erros de Balzac - alguém que os conheça, partilhe o conhecimento.


theblackmage
 
  O sonho
O episódio no parque está submerso numa atmosfera onírica; a própria (e breve) aparição do narrador na cena, observando, torna a nossa perspectiva diferente do que havia sido até então. Encontramos lá, não nos podemos alhear de toda a cena, da forma como ela nos toca. O rapazinho afogado sob a lama, a raiva da irmã, uma criança também, apenas. É um pesadelo (lembrei-me de James), e também um nó, um ponto a partir do qual nada será como antes.
nastenka-d
 
  Mulheres
Ao longo do livro, e como o título faria esperar, Balzac vai caracterizando as mulheres. Não sei se tinha o objectivo provocatório, ou se acima de tudo pretendia deixar um documento social da época. Também não posso avaliar se a caracterização é fidedigna, ou baseada em evidências, lugares comuns e condicionadas pelo seu olhar masculino.

De todas as generalizações que li, gostei de uma, que talvez seja imerecida, mas é cativante:

«As mulheres têm um inimitável talento para exprimir seus sentimentos sem empregar expressões demasiado vivas; sua eloquência está principalmente na entonação, no gesto, na atitude e no olhar.»


Das caracterizações que Balzac fez das mulheres, nenhuma me pareceu doce ou apaixonada. Daí pôr a hipótese de provocação. Por um lado prefiro essa postura menos benevolente de Balzac. Por outro fico a achar que ele não tinha capacidade para algo diferente - porque não terá amado verdadeiramente.


Leitora
 
sexta-feira, junho 11, 2004
  Lapsos de Balzac
Na edição que alguém me emprestou para poder participar nesta leitura (beijinhos para a Nastenka!), somos prontamente avisados que Balzac baralha títulos, nomes e referências. A Condessa Listomère-Landon, depois de ser apresentada é rapidamente convertida em Condessa, e assim fica...

Muitos livros, 3.000 personagens... e a falta das máquinas editoriais que actualmente limam uma ou outra aresta desta natureza. Ainda assim, como esta troca é muito óbvia, fico a pensar se Balzac, entre a produção literária para pagar dívidas e vícios, e a sua vida social muito activa, teria tempo para reler o que escrevia.


Leitora
 
  Considerações
"Uma mulher de trinta anos tem atractivos irresistíveis para um jovem...
...
uma rapariga tem demasiadas ilusões, excessiva inexperiência...; enquanto que uma mulher conhece toda a extensão dos sacrifícios a fazer.
...
Uma cede, a outra escolhe.
...
uma mulher tem mil meios de conservar, ao mesmo tempo, o seu domínio e a sua dignidade.
...
Uma jovem só tem um atractivo e julga ter dito tudo quando se despe; mas a mulher tem-nos em grande número e oculta-os sob mil véus, em suma, afaga todas as vaidades enquanto que a noviça só lisonjeia uma. São excitantes, aliás, as indecisões, os pavores, o medo, as perturbações e as tempestades da mulher de trinta anos, que não se encontram nunca no amor duma rapariga.
...
Finalmente, além de todas as vantagens da sua posição, a mulher de trinta anos pode tornar-se rapariga, representar todos os papéis, ser púdica, e embelezar-se até com a infelicidade.
...
A mulher de trinta anos satisfaz a tudo; a jovem, sob pena de não o ser, não deve satisfazer a nada.
...
As mulheres mantêm-se...todo o tempo que querem, nessa posição equivoca, como numa encruzilhada que conduz igualmente ao respeito, à indiferença, à surpresa ou à paixão.
Somente aos trinta anos a mulher pode conhecer os recursos dessa suituação, que lhe permite rir, gracejar e enternecer-se sem se comprometer.
...
O seu silêncio é tão perigoso como as suas palavras."



Troti
 
 
"A marquesa, então com a idade de trinta anos, era bela, embora de formas frágeis e duma extrema delicadeza. O seu maior encanto provinha duma fisionomia cuja calma revelava uma surpreendente grandeza de alma. Os seus olhos esplêndidos, mas que pareciam velados por um pensamento constante, traduziam uma vida febril e a mais completa resignação. As pálpebras, quase sempre modestamente descidas para o chão, raramente se erguiam. Se a marquesa lançava um olhar à sua volta, era numa atitude triste, e dir-se-ia que reservava o fulgor dos seus olhos psra ocultas contemplações. Por isso, qualquer homem superior se sentia atraído curiosamente para aquela mulher calma e silenciosa. Se a inteligência procurava adivinhar os mistérios da perpétua reacção que se operava nela do presente para o passado, da convivência para a solidão, a alma não estava menos interessada em iniciar-se nos segrados dum coração de certo modo orgulhoso do seu sofrimento.
...
Na Sr.ª de Aiglemont a atitude estava em harmonia com o pensamento que a dominava.
...
Sómente numa certa idade, determinadas mulheres privilegiadas sabem dar uma linguagem às suas atitudes. São os desgostos, é a felicidade, que dão à mulher de trinta anos, à mulher feliz ou infeliz, o segredo dessa reserva eloquente? Isso será sempre um enigma vivo que cada um interpreta segundo os seus desejos, as suas esperanças ou o seu sistema.
...
tudo revelava uma mulher sem interesse pela vida, que nunca conheceu os prazeres do amor, mas que sonhou com eles, e se curva sob os fardos que pesam na sua memória; uma mulher que há muito tempo desespera do futuro e de si própria, uma mulher desocupada que toma o vazio pelo nada."



Troti
 
 
"Todos temos grandes pretensões à força da alma."


Troti
 
 
"A melancolia compõe-se duma sucessão de semelhantes oscilações morais, a primeira das quais lida com o desepero e a última com o prazer: na juventude, ela é o crepúsculo da manhã; na velhice, o da tarde."

Troti
 
 
"Ah! Estou envolvida num círculo de ferro de que não posso sair sem ignomínia.
...
Não acredito na felicidade.
...
Tal é o nosso destino, visto sob as suas duas faces: uma prostituição pública e a vergonha, uma prostituição secreta e a infelicidade."



Troti
 
 
"Todos os homens têm o sentido do seu sexo; mas só se encontra uma vez na vida aquele que também lhe tem a alma e satisfaz, assim, todas as exigências da nossa natureza, cuja melodiosa harmonia só se manifesta sob a pressão dos sentimentos."


Troti
 
  Obra contínua
Muitos são os autores que referem que cada livro é a continuação do anterior. Socorro-me de Lobo Antunes, que costuma dizer que cada livro é a correcção do que antes foi escrito, a reformulação do trabalho precedente.

Balzac, o fundador, entendeu a sua obra de outra forma: como um espelho da realidade, em que as personagens se vão cruzando umas com as outras, e reaparecendo aqui e ali, nas suas diversas vertentes. Um protagonista de um livro, será figurante noutros, que pretendem ser paralelos temporais ou espaciais. Cada livro como uma face do mesmo cristal social.


Leitora
 
 
Quis amar platonicamente, indo todos os dias respirar o mesmo ar que respirava a Sra. De Aiglemont, incrustou-se quase na casa e acompanhou-a por toda a parte com a tirania própria de uma paixão que mistura o seu próprio egoísmo à mais absoluta dedicação.

E como Charles de Vandenesse não era Arthur... este amor só podia ter um fim muito diferente.
(Por falar nisso, como acham que acabou?)

nastenka-d
 
 
O amor toma a cor de cada século. Em 1822 é doutrinário. Em vez de se provar, como outrora, através de factos, é discutido, disserta-se a seu respeito, é metido nos discursos de tribuna.

nastenka-d
 
quinta-feira, junho 10, 2004
  O homem de sonho
«com mais ou menos trinta anos de idade, era alto, elegante, esbelto; e suas felizes proporções destacavam-se melhor quando empregava toda a força em governar o cavalo, cujo dorso elegante e flexível parecia vergar ao seu peso. O rosto moreno e másculo possuía um encanto inexplicável que uma perfeita regularidade de traços comunica às fisionomias jovens. A fronte era larga e alta. Os olhos de fogo, sombreados por sobrancelhas espessas e bordados de longos cílios, desenhavam-se como dias ovais brancas entre duas linhas negras. O nariz oferecia a graciosa curva de bico de águia. O rosado dos lábios era realçado pelas sinuosidades do inevitável bigode preto. As faces largas e fortemente coloridas apresentavam tons escuros e amarelos que denotavam um vigor extraordinário. Seu aspecto, desses que a bravura assinalou, oferecia o tipo que hoje o artista procura quando pensa simbolizar um dos heróis da França imperial.»


Muito tem mudado...
Olhos de fogo! Nunca tinha lido ou ouvido tal expressão. Fico a pensar nela. Sempre associei frescura ao olhar, mesmo o apaixonado. Pessoalmente associaria olhos de fogo a olhar febril. E aí está um exemplo de como a linguagem é bela e surpreendente.


Leitora
 
 
"Perecemos menos pelos efeitos dum remorso certo do que pelos de esperanças enganosas"


Troti
 
 
"Um homem amado, jovem e generoso, a quem ela nunca satisfizera os desejos para obedecer ás leis do mundo, morrera para lhe salvar aquilo a que a sociedade chama "a honra duma mulher". A quem podia a marquesa dizer: "Sofro!"?...Não, aquela mulher aflita só podia chorar à sua vontade no deserto, devorar lá o seu sofrimento ou ser devorada por ele, morrer ou matar qualquer coisa nela, talvez a própria consciência.
...
Sofria por si e para si. Sofrer assim não será talvez cair no egoísmo? Por isso, horriveis pensamentos lhe atravessavam a consciência, magoando-a. Interrogava-se com boa fé e achava-se dúplice. Havia nela a mulher que raciocinava e a mulher que sentia, uma que sofria e outra que não queria sofrer.
...
Previa, com horror, que dali por diante não poderia ser mais uma criatura completa. O seu "eu" interior não perdera a faculdade de saborear as impressões de novidade deliciosa que dão tanta alegria à vida? De futuro, a maior parte das suas sensações seriam imediatamente apagadas após serem recebidas, e muitas das que outrora a teriam comovido iam tornar-se-lhe indiferentes.
...
Considerava então a vida como um velho prestes a deixá-la."



Troti
 
  Dor
"Com efeito,não seria um erro acreditar que os sentimentos se reproduzem? Uma vez desabrochados, não existem sempre no fundo do coração? Lá se apaziguam ou despertam conforme os acidentes da vida; mas lá ficam, e a sua permanência modifica necessáriamente a alma. Desse modo, qualquer sentimento só terá um grande dia, aquele mais ou menos longo da primeira tempestade. De igual maneira, a dor, o mais constante dos nossos sentimentos, só será viva na sua primeira irrupção; as suas outras manifestações irão enfraquecendo, seja pela nossa habituação às crises, seja pela lei da nossa natureza que, para se manter viva, opõe a essa força destruidora uma força igual, mas inerte, tirada dos cálculos do egoísmo. Entre todos essses sofrimentos, porém, a qual caberá o nome de dor?...
...
A grande, a verdadeira dor será, portanto, um mal bastante mortífero para abranger ao mesmo tempo o passado, o presente e o futuro, não deixar integra nenhuma parte da vida, desnaturar para sempre o pensamento, inscrever-se inalteravelmente nos lábios e na fronte, quebrar ou afrouxar as molas do prazer, dando à alma um princípio de aversão por todas as coisas do mundo. Ainda, para ser imensa, para pesar sobre a alma e sobre o corpo, essa dor deve chegar no momento da vida em que todas as forças físicas e morais estão jovens e fulminar um coração bem vivo. A dor faz então uma larga ferida; o sofrimento é grande e nenhum ser pode sair dessa doença sem qualquer poética mudança..."


Troti
 
 
"Aquela mulher tinha vinte e seis anos. Nessa idade, uma alma ainda cheia de poéticas ilusões gosta de saborear a morte, quando esta lhe parece benéfica. A morte, porém, tem gentilezas com os jovens: com eles, aparece e retira-se, mostra-se e oculta-se; a sua lentidão obriga-os a perder o interesse por ela ...aquela mulher que se recusava a viver ia sentir a amargura dessa demora no fundo da sua solidão e fazer, numa agonia mortal a que a morte não poria termo, uma terrível aprendizagem de egoísmo que deveria desflorar-lhe o coração e pô-lo de acordo com a sociedade. Esse cruel e triste ensino é sempre o fruto das nossas primeiras dores."

Troti
 
 
"- Faz o que te digo: fica solteiro - respondeu d´Aiglemont...Casamos com uma mulher bonita, torna-se feia; casamos com uma jovem dhaie de saúde e torna-se enfermiça; julgamo-la apaixonada e é fria; ou então, fria na aparência, é realmente apaixonada e mata-nos ou desonra-nos. Ora a criatura mais afável se revela caprichosa e nunca os caprichos se tornam afáveis; ora a criança que conhecemos fraca e ingénua desenvolve contra nós uma vontade de ferro e um espírito de demónio. Estou farto do casamento."


Troti
 
 
"Ao pensar em Artur, agradava-lhe crer que um homem na aparência tão doce, tão delicado, deveria ficar fiel ao seu primeiro amor. Por vezes, sentira-se lisonjeada por ser o objecto dessa bela paixão, a paixão pura e verdadeira de um jovem, cujos pensamentos pertencem totalmente à sua bem-amada, a quem todos os momentos são consagrados, que não usa disfarces...pensa como uma mulher, não lhe dá rivais e se entrega a ela sem pensar na ambição, nem na glória, nem na fortuna. Sonhara tudo isso, a respeito de Artur, por devaneio, por distracção..."


...

Desde esse dia, não voltou a ver-se como uma mulher sem mácula. Não tinha mentido a si própria? A partir de então era capaz de dissimular, não podia mais tarde, descer a uma profundidade surpreendente nos delitos conjugais? O seu casamento era a causa dessa perversidade "a priori" ainda sem objecto. No entanto, já perguntara a si própria porque resistir a um amante amado, quando se dava, contra o seu coração e contra o desejo da natureza, a um marido a quem já não amava. Todos os erros, e talvez todos os crimes, partem dum mau raciocínio ou certo excesso de egoísmo.



Troti
 
  Cume poético da vida das mulheres
… deliciosas paixões, quase sempre deliciosamente saboreadas pelas mulheres que as fazem eclodir, pois na bela idade dos 30 anos, cume poético da vida das mulheres, podem daí alcançar todo o caminho e ver tão bem o passado como o futuro. As mulheres conhecem então todo o valor do amor e gozam-no com receio de o perderem: a sua alma, então, possui ainda a beleza a juventude que as começa a abandonar e a sua paixão vai-se tornando mais forte com um futuro que as apavora.

J.M.
 
quarta-feira, junho 09, 2004
  Amor paternal (?)
III
«Para sempre obtermos os vossos sorrisos e vosso desdenhoso amor seria preciso que tivéssemos o poder divino. Depois, enfim, chega um outro! um namorado, um marido que nos arrebatam vossos corações.»


Qualquer tipo de amor é indissociável de ciúme...


Leitora
 
  Rivalidade entre os franceses e os ingleses (2)
A batalha de Waterloo - 18 de Junho de 1815

Essa batalha ficara para sempre nas memorias dos franceses. Como referi no post anterior, sempre existiu uma certa rivalidade entre a França e a Inglaterra. Mas penso que a batalha de Waterloo terá sido um dos pontos culminantes dessa rivalidade.

Aqui está a transcrição de como decorreu a dita batalha:

Napoléon qui voulait commencer la bataille le matin à l'aube, n'ayant pu le faire la veille, est contraint d'attendre la mi-journée que cesse la pluie et que le terrain soit praticable. La boue retarde considérablement l'arrivée des troupes sur le champ de bataille. Le canon s'enfonce, le cheval s'embourbe, le soldat s'enlise, pas un élément n'avance à une cadence normale. Les coalisés ne sont pas mieux logés, les soldats ont passé la nuit dehors, leurs uniformes sont trempés, mais plus grave, leurs fusils sont inutilisables pour le moment et les troupes doivent tirer à blanc pour sécher les bassinets. Wellington en personne demanda d'arrêter car "il craignit que cette fusillade ne déclenchât l'attaque des Français."

Le temps (Horaire) est l'allié des Coalisés, plus il passe, plus les chances augmentent. Pour Napoléon, le temps s'écoule en augmentant pour lui les risques.

Pour les soldats des armées du Duc, le spectacle mouvant des sillons versicolores de l'armée Française est superbe, mais impressionnant. Un peu plus en arrière, plus inquiétant encore, débouchent les longues colonnes sombres de la Garde.

L'armée commandée par Wellington a pris position sur un plateau appelé Mt St Jean. Wellington à fait renforcer les défenses d'un gros corps de ferme composé d'une maison de maître et de ses dépendances sur sa droite; Hougoumont. Une ferme au centre nommée "la Haye Sainte", ainsi qu'une autre sur sa gauche nommée "Papelotte" sont aussi fortifiées . Dans ces trois bâtiments, des troupes retranchées attendent l'assaut. Malgré tout, cette armée est dangereusement adossée à la forêt de Soignes, rendant toute retraite en bon ordre impossible. Les coalisés sont dos au mur.La retraite serait une débâcle, impossible à gérer. Les éléments seraient éparpillés dans la grande forêt qui s'étend jusqu'au faubourgs de Bruxelles. La seule voie de retraite étant la route de Bruxelles, qui comme toutes les routes de campagne de l'époque n'est pas très large.

Devant eux, la légende vivante et son armée, armée qui vocifère et hurle depuis quelle a aperçu la longue ligne rouge au centre de l'armée de Wellington, certains l'attendait depuis Boulogne. Cette fois ci, parmi les autres troupes, l'ennemi de toujours est là. L'on va pouvoir enfin s'égorger entre vrais ennemis. Les sujets de ceux qui ont organisé toutes les coalitions contre la France depuis la Révolution vont payer la lourde ardoise. Tans pis pour eux, si leurs dirigeants ont monnayé et acheté les soldats des autres puissances Européennes comme des mercenaires pour les jeter contre la France. L'Anglais est là. Il va payer.

En face, le jugement est différent; les armées Françaises ont mis à feu et à sang l'Europe pendant longtemps. Ils faut que cela cesse car Napoléon évadé de son île va recommencer.

La politique consistant à présenter l'une ou l'autre des versions selon ses affinités, l'historien lui se contentera des faits.

Jamais les soldats de l'empire ne furent aussi pressés de combattre, malgré des rumeurs persistantes de trahison, jamais l'enthousiasme ne fût aussi grand dans les rangs Impériaux. Jamais elle ne sera pourtant aussi fragile.

Les troupes étrangères alliées aux Anglais, dont certaines avaient combattu dans les rangs de l'empire savaient eux d'expérience que le choc serait rude et décisif. Certains d'entre eux ne sont guère enthousiastes à l'idée d'avoir à affronter leurs anciens frères d'armes. Avantage, ils sont vétérans et connaissent parfaitement les manoeuvres types de leurs ennemis. Parmi eux, des officiers reconnus pour leur bravoure, comme l'infortuné Van Merlen, ancien officier des lanciers de la Garde, qui sera tué, ou Chassé, qui lancera la cavalerie sur les bataillons de la Garde lors de l'assaut du Mt St Jean. En tous cas, pour beaucoup d'acteurs de cette célèbre journée, et quel que soit leur camp, le rideau venait de se lever pour la dernière fois.

Les Anglais qui représentent un peu plus d'un tiers des troupes présentes étaient comme à l'habitude, sûrs d'eux. L'armée Anglaise est une armée de métier, et il y a dans ses rangs des vétérans d'Espagne, même de très rares anciens d'Amérique. Les Anglais ont été de tous temps de très bons fantassins, ils disposent en outre d'un armement léger largement supérieur à celui de leur ennemi. Cette armée est sûre de la disposition de sa ligne sur deux rangs et pense que "Boney", surnom donné à Napoléon, ne passera pas, car Wellington est là. Ils ont parfaitement raison sur le fond, mais se trompent lourdement sur la forme. Si une bonne partie des troupes Coalisées se battirent impeccablement , la future victoire à bien d'autres raisons que leur seule bravoure, leur ordonnancement propre ou leur Commandant en chef.

Si l'Infanterie fût irréprochable, surtout la brigade de Nassau et les brigades Anglaises, la cavalerie coalisée eût un comportement déplorable. Habituées aux charges fougueuses mais non contrôlables. L'on a pu assister à un refus pur et simple du combat pour certaines unités (Brigade Légère de Van Merlen, La 3em Brigade de Ghigny, Brigade de Trip, etc.). En fin de journée, elle trouvera plus son compte en sabrant les fuyards ou en s'acharnant sur une Vieille Garde moribonde. Redevenant tout à coup apathique devant la résistance des deux carrés du 1er Grenadiers de la Garde, en réserve à Rossome. Lord Somerset refusa même d'exécuter un mouvement de troupes." De peur que la cavalerie Néerlandaise qui l'accompagnait n'en profite pour décamper."

En revanche, ce jour là, l'infanterie Anglaise livrera une de ses plus héroïque défense, sa tenue au combat frisera la perfection. Ce qui ne surpris pas Wellington qui savait pouvoir vaincre avec son infanterie, mais disait de sa cavalerie:

"Nos officiers galopent sur tout ce qu'ils voient et se retirent aussi vite. Il semble qu'il leur soit impossible de manœuvrer ailleurs qu'à Wimbledon"

Du reste, la charge de la cavalerie lourde de Lord Uxbridge (Royaux et Scots Greys) , bien que courageuse, lui donna raison. Emportée par son élan sur le Corps de D'Erlon au début de la bataille, elle fût incapable de s'arrêter et alla se fracasser sur la ligne Française, puis presque anéantie par une partie de la cavalerie Impériale.

Les troupes Françaises, en dehors d'un enthousiasme rare, se battirent avec un courage certain, jusqu'à la terrible débandade générale ou plus aucun d'entre eux ne sembla se souvenir avoir été un soldat. Napoléon avait dit de ses sujets " Le Français est plus qu'homme dans la victoire, plus que femme dans la défaite". Nous aurons l'occasion de revenir en détail sur le légendaire sacrifice de la Garde Impériale.

Le comportement des Prussiens fût comme souvent, sobre, mais terriblement efficace.

Waterloo est le nom d'un petit village situé au Nord , dont le rôle joué dans la bataille est inexistant. Wellington y a simplement pris ses quartiers les jours précédents. Le nom officiel de cette bataille pour l'armée Française sera un temps "la bataille du Mont St Jean". Les Prussiens voulurent l'appeler la bataille de "La Belle Alliance". Nom qui convenait mieux pour désigner la coalition. Wellington s'y refusa.

"Il s'est écrit plus de livres sur Napoléon qu'il ne s'est écoulé de jours depuis sa mort"

http://pascal.gin.waika9.com/0labataille.htm



Rosedumatin
 
  Amor paternal (?)
II
«Ainda não vi ninguém que me parecesse digno de ti - continuou o velho pai com uma espécie de entusiasmo.»

E por muito que vivesse, nunca mudaria de opinião, não é?


Leitora
 
  Não era ela mulher?
Ela tinha sobre ele o mais absoluto domínio e abusava dele já: não era ela mulher?

Uma mulher incapaz de recordar os mais graves acontecimentos lembrar-se-á durante toda a sua vida de coisas relacionadas com os seus sentimentos.

A devoção é uma virtude feminina que apenas as mulheres sabem propagar convenientemente…


J.M.
 
  Fia-te nisso
Ora! - respondeu D'Aiglemont - esses rasgos de heroísmo dependem da mulher que os inspira e não foi certamente por causa da minha mulher que esse pobre Arthur morreu!

nastenka-d
 
  O amante ideal (da inocência)
É o que Arthur significa: o amante ideal para quem não pretende ferir ou subverter a ordem, o amante ideal de uma certa inocência em que o objecto do amor é não a posse (ou melhor, a concretização do desejo), mas a emoção em si. O encontro entre estes dois seres não poderia ter terminado de outra forma: com Julie dizendo-lhe Não está ao meu alcance recompensá-lo...
nastenka-d
 
  Arthur
Leu no rosto quase feminino do inglês os pensamentos profundos, as doces melancolias, as dolorosas resignações, das quais ela própria era vítima. Reconheceu-se nele. A infelicidade e a melancolia são os intérpretes mais eloquentes do amor e transmitem-se entre dois seres sofredores com incrível rapidez.

nastenka-d
 
  Sem lágrimas
A tia não chorou, pois a Revolução deixara às mulheres do antigo regime poucas lágrimas nos olhos. Outrora, o amor e, mais tarde, o Terror, familiarizaram-nas com as mais pungentes peripécias, de modo que elas conservavam, mesmo em perigo de vida, uma dignidade fria, ma ternura sincera, mas sem expansividade, que lhes permitia ser sempre fiéis à etiqueta e uma nobreza de porte que os novos costumes cometeram o grande erro de repudiar.

J.M.
 
terça-feira, junho 08, 2004
  O homem de sonho
«com mais ou menos trinta anos de idade, era alto, elegante, esbelto; e suas felizes proporções destacavam-se melhor quando empregava toda a força em governar o cavalo, cujo dorso elegante e flexível parecia vergar ao seu peso. O rosto moreno e másculo possuía um encanto inexplicável que uma perfeita regularidade de traços comunica às fisionomias jovens. A fronte era larga e alta. Os olhos de fogo, sombreados por sobrancelhas espessas e bordados de longos cílios, desenhavam-se como dias ovais brancas entre duas linhas negras. O nariz oferecia a graciosa curva de bico de águia. O rosado dos lábios era realçado pelas sinuosidades do inevitável bigode preto. As faces largas e fortemente coloridas apresentavam tons escuros e amarelos que denotavam um vigor extraordinário. Seu aspecto, desses que a bravura assinalou, oferecia o tipo que hoje o artista procura quando pensa simbolizar um dos heróis da França imperial.»


Muito tem mudado...
Olhos de fogo! Nunca tinha lido ou ouvido tal expressão. Fico a pensar nela. Sempre associei frescura ao olhar, mesmo o apaixonado. Pessoalmente associaria olhos de fogo a olhar febril. E aí está um exemplo de como a linguagem é bela e surpreendente.


Leitora
 
  Amor paternal (?)
I
Seu amor por essa linda criatura tanto o fazia admirar o presente como temer o futuro. Parecia dizer-se a si mesmo: 'Hoje ela é feliz, sê-lo-á sempre?'


Porque será o amor indissociável do temor, da angústia? Seremos geneticamente incapazes de gozar alguma felicidade?



Leitora
 
  Rivalidade entre os franceses e os ingleses
Está patente nesta obra a rivalidade que sempre opos os franceses e os ingleses quando aparece Arthur Ormond:

" - Oh! mon dieu oui, mon général, répliqua le postillon. Il est de la race des gars qui veulent, dit-on, manger la France."

(...)

" - Tous ces Anglais sont insolents comme si le globe leur apartenait, dit le colonel en murmurant. ..."

De facto, essa rivalidade ainda existe apesar de já ter passado mais de um século sobre a obra de Balzac. Talvez a insularidade, tanto geograficamente como sentimentalmente, tenha para sempre afastado esses países. Mas não penso que a construção do tunel tenha alterado muito esse sentimento de rivalidade entre os dois. A supremacia da língua inglesa, hoje em dia, não ajuda a que os dois povos se aproximem. Aliás, o Reino Unido é dos únicos países que não ratificou o acordo de Schengen, pelo que qualquer estrangeiro que necessite de um visa tem de pedir um visa especifico (em oposição ao Visa para entrar no espaço de Schengen que abrange Portugal, Espanha, França, etc.) para entrar na Ilha que, até bem pouco tempo, dominava o mundo e, que ainda continua a ter uma grande influência através do Commonwealth e das suas relações diplomáticas privilegiadas com os Estados Unidos da América.


Rosedumatin
 
 
Daniel O'Connell

Daniel O'Connell (1776-1847), known as The Liberator, was Ireland's predominant politician in the first half of the nineteenth century. A critic of violent insurrection in Ireland, he once said that the freedom of Ireland was not worth the spilling of one drop of blood. Instead he focused entirely on parliamentary and populist methods to force change.
He campaigned for Catholic Emancipation, that is, the repeal of all anti-catholic legislation enforced in Ireland. As part of his campaign, he sought and won election to the House of Commons in 1828, even though as a catholic, he was ineligible for membership because of his inability to take an oath to the Queen as head of the Church of England. His election and subsequent re-election in 1829, forced the government of the Duke of Wellington in 1829 to repeal the prohibitions and grant emancipation, which also liberated not just Catholics but Presbyterians and all faiths other than the established Church of Ireland.
O'Connell also campaigned for Repeal, that is, repeal of the Act of Union that in 1801 merged the Kingdom of Great Britain and the Kingdom of Ireland to form the United Kingdom of Great Britain and Ireland. He argued for the re-creation of an independent Kingdom of Ireland to govern itself, with Queen Victoria as Queen of Ireland. To push this, he held a series of Monster Meetings (mass rallies) throughout Ireland. Though Charles Stewart Parnell (who dominated Irish politics in the last quarter of the nineteenth century) is more usually associated with the title, O'Connell was popularly described as the Uncrowned King of Ireland. His campaign for Repeal was unsuccesful.

http://www.brainyencyclopedia.com/encyclopedia/d/da/daniel_o_connell.html


Troti
 
 
Cuvier, Georges
(1769-1832)




French comparative anatomist who is considered the founder of functional anatomy, which maintains that the knowledge of structure acquires meaning only when the purpose is known. His study of comparative anatomy allowed him to draw conclusions about one part of an organism from investigating other parts.
...
Cuvier extended the classification scheme of Linnaeus by grouping related classes into phyla. He extended this system to fossils, which he recognized as the organic remains of animals now extinct, including the ground sloth and pterodactyl. He is therefore known as the father of paleontology. Cuvier believed that "animals have certain fixed and natural characters," and therefore rejected both the theory of evolution and Lamarck's theory of inheritance of acquired characteristics. In "Essay on the Theory of the Earth," he proposed that life was created anew after periodic advances and retreats of the sea. Cuvier is supposed to have virtually memorized the 19,000 volumes in his library.

http://scienceworld.wolfram.com/biography/Cuvier.html


Troti
 
 
Le 6 février 1844, Balzac avait écrit à Ève Hanska : " En somme, voici le jeu que je joue. Quatre hommes auront eu une vie immense : Napoléon, Cuvier, O'Connel et je veux être le quatrième. Le premier a vécu la vie de l'Europe ! ; il s'est inoculé des armées ! Le second a épousé le globe ! Le troisième s'est incarné un peuple ! Moi, j'aurai porté une société tout entière dans ma tête ! "

Balzac apparaît avant tout comme un observateur extraordinairement doué, mais ce don ne suffit pas à caractériser son génie : l'univers balzacien est imaginé au moins autant qu'observé.

1 - L'observation. Balzac sait voir, fixer dans sa mémoire et reproduire dans son œuvre les sites, les objets et les hommes. Manié par lui le réel garde toute son épaisseur, sa complexité, son foisonnement. ...Pas de détail qu'il juge trop bas ou trop vulgaire, s'il est vrai et significatif... Les héros de Balzac sont des êtres de chair, qui mangent et boivent, dont nous connaissons avec précision le physique, le costume, la profession et le domicile.

Balzac a écrit : " Chez moi, l'observation était déjà devenue intuitive, elle pénétrait l'âme sans négliger le corps ; ou plutôt elle saisissait si bien les détails extérieurs, qu'elle allait sur-le-champ au-delà ; elle me donnait la faculté de vivre de la vie de l'individu sur laquelle elle s'exerçait, en me permettant de me substituer à lui comme le derviche des Mille et une Nuits prenait le corps et l'âme des personnes sur lesquels il prononçait certaines paroles".

2 - L'imagination. Son rôle est évident dans l'élaboration d'intrigues multiples et compliquées, qui se succèdent, rebondissent, s'entrecoupent. Souvent d'ailleurs, l'imagination est soutenue par la documentation, et les fictions les plus surprenantes, qui font de Balzac l'un des ancêtres du roman policier, se fondent parfois sur la réalité.
Mais la démarche de l'imagination balzacienne est surtout passionnante lorsqu'il s'agit de créer un personnage, de concevoir son caractère et ses passions d'après son apparence physique.
Théophile Gautier écrivait : " Balzac possédait le don de s'incarner dans des corps différents. Balzac fut un voyant ". Les deux ou trois mille types qu'il a crées, " il ne les copiait pas, il les vivait idéalement ".

Les idées. Aussi foisonnantes que ses héros, les idées de Balzac révèlent des aspirations scientifiques et une curiosité universelle. Elles embrassent tous les domaines, philosophique, psychologique et moral, politique, social, économique.

http://perso.club-internet.fr/delpiano/Balzac.htm



Balzac é um mestre na observação/imaginação, e esta mestria oferece-lhe a capacidade de nos fazer entrar a nós dentro do mundo por ele criado. A capacidade a análise da alma feminina, por exemplo, é extraordinária neste romance.

Troti
 

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